domingo, 30 de junho de 2019

terça-feira, 18 de junho de 2019

Curiosidades: hábitos de higiene no século XIX

Olá, alunos!

Para entender o contexto da crônica A rua do Ouvidor de Joaquim Manoel de Macedo do século XIX, é bom ler o artigo do Museu Histórico de Alcântara que explica como eram feitas as funções fisiológicas antigamente. Divirta-se!



Histórico / hábitos de higiene em Alcântara no século XIX e início do XX


No início do século XIX, as atividades de limpeza corporal eram reduzidas à lavagem de algumas partes do corpo. Para tanto, faziam-se uso da bacia com gomil que servia para as pessoas lavarem a cara e as mãos logo pela manhã, sendo um dos objetos obrigatórios de um quarto, numa época em que não havia casas-de-banho ou água canalizada.

Viajantes que passaram  pelo Brasil naquela época deixaram registros de seu espanto com a falta de hábitos de higiene mais completos. Isto porque, entre os habitantes era costume tomar, no máximo, quatro banhos por ano, quando se trocava a roupa de cima, enquanto a de baixo nunca era trocada e, quando apodrecia, era jogada fora. Quanto ao banho, a água era colocada numa tina, tendo o chefe da família o direito inquestionável de ser o primeiro a usá-la, sendo seguido pela mulher, demais adultos e crianças por ordem de idade, terminando pelos bebês, sempre sem trocar a água que, ao final, de tão escura se alguém mergulhasse nela ficaria impossível de ser identificado.
As casas não tinham banheiros e as necessidades eram feitas quase sempre nos quintais, numa “casinha”, dotada de fossa, simples buraco no chão, sem esgoto, e que era limpa durante a noite por um escravo que recolhia a matéria sólida em tonéis conhecidos como “cabungos”, carregados sobre a cabeça e despejados em terrenos baldios próximos às residências ou no mar. Como eram fabricados em madeira, os tonéis quase sempre vazavam parte da carga sobre os seus carregadores, tingindo-os de listras marrons, deixando-os malcheirosos e apelidados pejorativamente de “tigres”. Durante a noite principalmente, e também de dia, após usar os urinóis ou bacias era costume esvaziá-los pelas janelas gritando antes de arremessar o conteúdo: “água vai”. A exigência do aviso em voz alta era o cumprimento de um decreto de 1776 baixado pelo Vice-Rei Dom Manoel de Portugal da Silva Mascarenhas, o Marquês do  Lavradio, que havia sido vítima de “águas-servidas”, atingido que fora pelo líquido despejado de um urinol.

Os "tigres" despejando os dejetos dos seus senhores nos rios, lagos e mar.

Os “tigres” despejando os dejetos das casas de seus senhores nos rios, lagos e mares.
Entre o século XVI e XVIII experimentou-se um período de “libertação escatológica”: as funções fisiológicas eram exercitadas publicamente, à vista de todos, em qualquer hora ou lugar. Os manuais de etiqueta deste período ensinavam que o censurável não era o ato em si, mas cumprimentar, olhar ou falar com alguém que o estivesse executando. Para ser polido, o sujeito deveria fingir-se de cego…
Quando a “necessidade” se apresentava em plena rua, não havia como evitar o uso de qualquer canto mais discreto, sem nenhuma manifestação de pudor ou recato, até porque praticamente só existiam homens nas vias públicas, quer livres ou escravos, já que as mulheres somente saíam aos domingos e sempre acompanhadas dos seus responsáveis, ou seja, pais, maridos ou irmãos.
Também não era de estranhar o hábito de a população usar a rua para satisfazer as suas necessidades fisiológicas, quando sabemos que Dom João VI, costumava fazer uso do penico nas suas andanças pelas ruas do reino e, sempre que sentia necessidade, punha a cabeça para fora da carruagem e gritava ao cocheiro: “Lobato! Desejo obrar!”, e o cocheiro por sua vez gritava avisando: “O Rei quer obrar”, parando em seguida para que fosse montado um pequeno aparato com um penico, cercado por guardas para garantir a “privacidade” de Sua Majestade. Os problemas intestinais de Dom João VI foram herdados por seu filho, Dom Pedro I, que sofria de frequentes diarreias, uma delas certamente histórica, quando às margens do Riacho Ipiranga havendo apeado do cavalo, pois segundo historiadores, tinha de “…se apear de meia em meia hora para obrar”, viu-se abordado pelo mensageiro Paulo Bregaro que lhe entregou a decisão do Conselho de Estado que pedia a nossa Independência.
Foi no século XIX que ocorreu à transição para a etapa da “grande contenção”, momento em que as atividades excretoras passaram a ser realizadas em ambiente privado. Da mesma forma, deixou-se de falar no assunto publicamente, banindo o tema das conversas em sociedade.
Os urinóis, junto com as “cadeiras furadas”, bidês e outros aparatos,  eram nesse contexto um recurso útil para se atingir o novo objetivo de privatizar as funções fisiológicas. A próxima etapa, com a introdução das instalações hidráulicas, seria a criação de espaços específicos dentro das residências para a execução das atividades fisiológicas, as casas de banho.
Escarradeiras
Originárias da China, as escarradeiras se disseminaram pela Europa entre os séculos XVI e XVIII, e daí se espalharam para as colônias européias em todo o mundo.
Esta peça era encontrada em diversos materiais (porcelana, faiança ou metal nobre), simples ou profusamente decorada com pintura feita à mão. Havia modelos de uso pessoal e coletivo: os de bolso eram pequenos frascos de vidro ou pequenas caixas de ferro, com areia ou serradura; os médios eram colocados na mesa de cabeceira e os grandes, de uso coletivo, normalmente ficavam na sala de visitas.
Visto de início como prática necessária e salutar forma de expelir do organismo as secreções nocivas, o ato de escarrar era publicamente tolerado e praticado, e dessa maneira as escarradeiras se tornaram presença obrigatória nas salas e escritórios de casas nobres. Com o avanço dos conhecimentos da microbiologia, o ato de escarrar passou a ser mal visto; considerado anti-higiênico, por conta do potencial de propagação de microorganismos, especialmente do bacilo de Koch, causador da tuberculose. Os médicos, principalmente, passaram a combater sistematicamente o hábito.

Medicina Hipocrática

Urinóis e escarradeiras atestam uma preocupação com a expulsão sistemática das secreções corporais. Isso se deve a uma forma particular de entender o funcionamento do corpo, originada da antiga medicina hipocrática. Segundo esta teoria, o funcionamento perfeito do organismo se devia ao equilíbrio entre as quatro substâncias básicas que governam o corpo: o sangue, a fleuma, a bile negra e a bile amarela. Desta forma, a predominância de uma dessas substâncias provocaria a doença. A melhor terapia, portanto, era estimular o reequilíbrio das quatro substâncias, através da aplicação de sangrias, vomitórios, purgativos, laxantes, etc.
Estes frascos continham substâncias purgativas, expectorantes e laxantes, que eram, na concepção medicinal da época, as ações mais eficientes na busca por uma saúde equilibrada.

BIBLIOGRAFIA

LIMA, Tania Andrade. Humores e Odores: ordem corporal e ordem social no Rio de Janeiro, século XIX. In: História, Ciências, Saúde – Manguinhos, II (3):, Nov. 1995 – Fev. 1996. p 44-96
_________________________. Concepções de Limpeza. Equipamentos da Casa Brasileira – Usos e costumes – Arquivo Ernani da Silva Bruno. Disponível em http://www.mcb.org.br/docs/ernani/pdf/Concep%C3%A7%C3%B5es_de_Limpeza.pdf. Sem data.



terça-feira, 11 de junho de 2019

Regras de Acentuação Gráfica

Olá,

apresento a vocês as Regras de Acentuação vigentes no Brasil atualmente.

Para pesquisar e fazer um esquema para estudo.


Regras de acentuação
Monossílabos tônicos
Acentuam-se graficamente os terminados por:
  • -a(s) chá(s), má(s)
  • -e(s) pé(s), vê(s)
  • -o(s) só(s), pôs
Logo, não se acentuam monossílabos tônicos como: tu, nus, quis, noz, vez, par...
Vale lembrar que:
  • Os monossílabos tônicos formados por ditongos abertos -éis, -éu, -ói recebem o acento:
Exemplos: réis, véu, dói.
  • No caso dos verbos monossilábicos terminados em “-ê”, em que a terceira pessoa do plural termina em “-eem”, forma verbal que antes era acentuada, agora, por conta do novo acordo ortográfico não leva acento.

  • Assim:
Ele vê - Eles veem
Ele crê – Eles creem
Ele lê – Eles leem
  • No entanto, isso não ocorre com os verbos monossilábicos terminados em “-em”, uma vez que a terceira pessoa termina em “-êm”, permanecendo acentuada. Logo:
Ele tem – Eles têm
Ela vem – Elas vêm


Oxítonas

Levam acento todas as oxítonas terminadas em “a(s)”, “e(s)”, “o(s)” e “em(ens)”, seguidas ou não de “s”.
cajá – até – jiló – armazém – parabéns
Sendo assim, não se acentuam oxítonos como: saci(s), tatu(s), talvez, tambor e etc.
Paroxítonas
São acentuados graficamente todos os paroxítonos, exceto os terminados por –a(s), -e(s), -o(s) (desde que não formem ditongos), -am, -em e ens:
útil, caráter, pólen, tórax, bíceps, imã, glória, série, empório, jóquei, órfão, órgão...
Exemplos:
  • l: afável, incrível, útil...
  • -r: caráter, éter, mártir...
  • -n: hífen, próton...
  • Observação: quando grafadas no plural, não recebem acento: polens, hifens...
  • -x: látex, tórax...
  • -os: fórceps, bíceps...
  • -ã(s): ímã, órfãs...
  • -ão(s): sótão(s), bênção(s)...
  • -um(s): fórum, álbum...
  • -on(s): elétron, próton...
  • -i(s): táxi, júri...
  • -u(s): Vênus, ônus...
  • -ei(s): pônei, jóquei...
  • -ditongo oral (crescente ou decrescente), seguido ou não de “s”: história, série, água, mágoa...

Proparoxítonos

Todos os proparoxítonos são acentuados, sem exceção: médico, álibi, ômega, etc.

Hiatos

Acentuam-se as letras –i e –u desde sejam a segunda vogal tônica de um hiato e estejam sozinhas ou seguidas de –s na sílaba: caí (ca-í), país (pa-ís), baú (ba-ú) e etc.
Quando o –i é seguido de –nh, não recebe acento: rainha, bainha, moinho etc.
O –i e o –u não recebem acento quando aparecem repetidos: xiita, juuna e etc
Hiatos formados por –ee e –oo não devem ser acentuados: creem, deem, leem, magoo, enjoo e etc.
Acento diferencial
O acento diferencial foi eliminado na última reforma ortográfica, em 2008. Assim, apenas as palavras seguintes devem receber acento:
  • Pôde ( 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo do verbo poder) para diferenciar de pode (3ª pessoa do singular do presente do indicativo desse verbo);
  • Têm (3ª pessoa do plural do presente do indicativo do verbo ter) e seus derivados (contêm, detêm, mantêm etc.) para diferenciar do tem (3ª pessoa do singular do presente do indicativo desse verbo e seus derivados);
  • O verbo pôr para diferenciar da preposição por.


Prof.ª Elisete, dia 11/06/19 às 22h46min