terça-feira, 1 de agosto de 2017

Leitura e produção de texto - uso de gírias

Olá,

o texto abaixo é uma crônica memorável quanto à criatividade no uso das gírias atuais.O autor é o  cronista do jornal Correio do Povo Juremir Machado da Silva.

Leia o texto, faça o registro no caderno através das questões, depois faça a sua produção de texto.

 Postado por Juremir em 3 de agosto de 2013 - 
     – Vaza.
     – Puxa, cara, acabei de chegar. Só quero ouvir como vocês falam agora. Preciso atualizar meu vocabulário. Sou jornalista e professor, sabe como é?, preciso estar em dia com a língua das novas gerações, essas coisas, saca?
     – Vaza, tio.
     – Também não precisa esculachar, meu. Podemos ser bons amigos. Uma amizade presencial, forte, sem ambiguidades, claro, numa boa, não essas amizades fakes do face, pô.
     – Vaza, coxinha.
     – Pô, cara, eu vim em missão de paz, não sou daqui, a minha tarefa, digamos assim, é antropológica, sociológica, jornalística, de coleta de dados, tá ligado?
     – Nem ligado nem desligado. Já era.
     – Não se diz mais tá ligado?
     – Vaza, coxinha.
     – Coxinha não é gíria paulista ou paulistana? Carioca agora aceita falar gíria de paulistano? Ouvi dizer que quem diz coxinha agora é mais coxinha ainda e que paulistano fala coxinha enquanto carioca come coxinha.
     – Se pá!
     – Como?
     – Talvez, tio, talvez. Essa você vai entender: vai ver se não estou lá na esquina curtindo esse milgrau, vai.
     – Milgrau?
     – Rio, 40 graus, tio. Essa é do seu tempo, não? Meu velho fala assim. Diz que isso é uma * referência cultural.
     – Gostei. Teu pai é cinema novo. A chapa tá quente.
     – Essa já esfriou.
     – Estou disposto a tudo, cara, para entender como se fala agora. É um projeto pessoal de rejuvenescimento, saca?
     – Você não tem roupa pra isso, tio. Vaza, vai.
     – Por que você está me trolando desse jeito?
     – Aí, tio, até que mandou bem nessa. Acertou uma, hein! Que marra. Gostei de ver. Até que você não é completamente coxinha. Mas precisa mudar a estampa também. Esse cabelo aí tá muito sarna mesmo. Só que não!
     – Sarna? Só que não?
     – Só que sim.
     – Dá um tempo, guri. Tu falas português?
     – Deu ruim! Agora deu ruim memo.
     – Que houve? Rolou alguma coisa que não vi?
     – Vou desenhar, tio. Vou soltar um desarranjo. Aproveita que vai num jorro só. A novela é a seguinte: você não consegue sensualizar o momento, não capta o instante sem filtro, não surfa no asfalto, não devora a areia, não traduz a cor da onda, não anda fora da caixa de vidro.
     – Fora da caixa de vidro?
     – Saca o Papa, tio? O Papa anda fora da caixa de vidro.
     – Essa é novinha?
     – Novinha é gata, tio, outra parada, vai. Não mistura. Para entender o que rola, precisa divar. E você não diva, tio. Não pode perguntar. Precisa pegar no ar, aspirar.
     – Não divo, é? Essa gíria é dos lelesques?
     – Ferrou de vez. Deu ruim total! Vaza, vai.
     –
Questões para serem feitas no caderno:  
a- Nome do texto e autor:
b- Síntese do fato.
c- Características de cada personagem.
d- Tipo de linguagem usada e por quê.
e- Intencionalidade do cronista.

Produção de texto: Semelhante ao texto “Deu ruim” crie um texto em forma de diálogo em que apareça a dificuldade de comunicação entre duas pessoas pelo uso da língua culta e uso de gírias.

Sugestões: aluno x diretora,  avô e neto, tia e sobrinho, magrão e sogro,  candidato a emprego x chefe do setor de pessoal de uma empresa, etc...

·         Pode ser uma música semelhante àquela estudada em aula,  “Assum Preto” de Luiz Gonzaga, só que usando gírias em vez da linguagem caipira.

OBS: Passar no caderno de redação o texto.

Profª Elisete