domingo, 30 de outubro de 2016

Exercícios com gabarito Adjunto Adverbial

Olá,

Com quatro exercícios com gabarito e você terá uma visão clara do que seja o ADJUNTO ADVERBIAL.

ADJUNTOS ADVERBIAIS- ATIVIDADES

1-Reconhecer e classificar, em cada um dos períodos, as expressões que denotam: lugar, tempo, modo, finalidade, causa, instrumento e companhia.

a)O aluno escreve bem.

b)Ele estudou para médico.

c)Tremiam de frio.

d)Fechou a porta com a chave.

e)Ela saiu com a Maria.

f)Não saiu cedo por causa da chuva.

g)Os vizinhos falaram do incêndio com tristeza.


2
) Complete as orações com as locuções adverbiais convenientes:
a) Recordo,.............. , bons momentos da infância.
b) Chovia .................. e não saímos de casa.
c) Amanhã,.................... , não sairei de casa.
d) O professor saiu ...............
e) A população brasileira está........... concentrada na Copa 2014.

3) Sublinhe e classifique os adjuntos adverbiais das seguintes orações:

a) Os alunos fizeram a tarefa com atenção.
b) Em dezembro Marcelo terminará a faculdade.
c) A criança foi internada por causa da febre alta.
d) As jóias foram encontradas no fundo de uma gaveta.
e) Anete caminhava tranquilamente com seu namorado.
f)O presidente encontrou-se com o Papa na Itália.
g) Atrás da oficina, a polícia encontrou vários carros desmontados.
h) Os pobres animais do circo tremiam de frio e de fome.
i) Os patins deslizavam com suavidade .
j) O juiz analisou, cuidadosamente, a situação do acusado.
l) Na próxima semana chegará uma preciosa encomenda
m) Aqui ninguém pode praticar tiro ao alvo.
n) Carlos encontrou seu irmão no centro da cidade, na tarde de ontem.
o) As garças foram vistas voando livremente sobre o rio Araguaia.
p) No inverno, muitos pássaros migram para o sul.

4
) Reescreva as orações, inserindo um adjunto adverbial  SOLICITADO NOS PARÊNTESES
a)Vou passar o feriado de 7 de setembro com minha família.(LUGAR)

b)Uma vendedora ambulante foi atropelada.(TEMPO
 c) Daniela discutiu com seu marido.(TEMPO)
  d) A inspetora de alunos flagrou os alunos fumando.(LUGAR)
  e) Os quatro atletas foram punidos.(CAUSA)
   f) Marquinhos foi promovido a gerente.(LUGAR)

Gabarito

1-a- bem: modo
b- para médico: finalidade
c- de frio: causa
d- com a chave: instrumento
e- com a Maria: companhia
f- Não: de negação,  cedo: tempo, por causa da chuva: causa
g- com tristeza: modo

2-a- Sugestão: frequentemente
b- muito
c- à noite
d- pontualmente
e- pouco

3-
a- com atenção: modo
b- Em dezembro: tempo
c-  por causa da febre alta: causa
d- no fundo da gaveta: lugar
e- tranquilamente: modo, com seu namorado: companhia
f- na Itália: lugar
g- Atrás da oficina: lugar
h- de frio e de fome: causa
i- com suavidade: modo
j- cuidadosamente: modo
l-  Na próxima semana: tempo
m- Aqui: lugar
n- no centro da cidade: lugar, na tarde de ontem: tempo
o- livremente: modo, sobre o rio Araguaia: lugar
p- No inverno: tempo

4-
a)Vou passar o feriado de 7 de setembro com minha família em casa.(LUGAR)

b)Pela manhã, uma vendedora ambulante foi atropelada.(TEMPO
 c) Daniela discutiu  depois do jantar com seu marido.(TEMPO)
  d) A inspetora de alunos flagrou os alunos fumando no pavilhão.(LUGAR)
  e) Por uso de doping, os quatro atletas foram punidos.(CAUSA)

   f) Marquinhos foi promovido a gerente na sua empresa..(LUGAR)

Aposto e Vocativo definição e exercícios com gabarito


Olá,

para revisar o conteúdo.


Leia e veja a diferença entre estes dois termos sintáticos, cada qual com a sua função na frase:

Aposto

Primeiramente, vejamos o que é aposto. Observe a frase a seguir:

Manoel, português casado com minha prima, é um ótimo engenheiro.

Veja que o trecho “português casado com minha prima” está explicando quem é o sujeito da oração “Manoel”. Esse trecho é o aposto da oração.
 Podemos concluir que o aposto é uma palavra ou expressão que explica ou que se relaciona com um termo anterior com a finalidade de esclarecer, explicar ou detalhar melhor esse termo.

Há alguns tipos de apostos:


• Explicativo: usado para explicar o termo anterior: Gregório de Matos, autor do movimento barroco, é considerado o primeiro poeta brasileiro.

• Especificador: individualiza, coloca à parte um substantivo de sentido genérico: Cláudio Manuel da Costa nasceu nas proximidades de Mariana, situada no estado de Minas Gerais.

• Enumerador: sequência de termos usados para desenvolver ou especificar um termo anterior: O aluno dever ir à escola munido de todo material escolar:borracha, lápis, caderno, cola, tesoura, apontador e régua.

• Resumidor: resume termos anteriores: Funcionários da limpeza, auxiliares, coordenadores, professores, todos devem comparecer à reunião. 


Vocativo 


Observe as orações:

1. Amigos, vamos ao cinema hoje?
2. Lindos, nada de bagunça no refeitório!

Os termos “amigos” e “lindos” são vocativos, usados para se dirigir a quem escuta de formas ou intenções diferentes, como nos períodos anteriores: a utilização de um substantivo na primeira frase e de um adjetivo na segunda. Podemos concluir que:

Vocativo: é a palavra, termo, expressão utilizada pelo falante para se dirigir ao interlocutor por meio do próprio nome, de um substantivo, adjetivo (característica) ou apelido.



Veja o aposto na tira = "Calvin, o corajoso".


Exercícios
01. Assinale a alternativa em que o aposto NÃO se refere ao sujeito.
a)      Fernanda, minha filha, tem cabelos loiros e compridos.
b)      Fernanda Montenegro, grande atriz brasileira, está na próxima novela da Globo.
c)      Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, recebe milhões de turistas de todo o mundo.
d)     Conheci a Amazônia, maior reserva florestal do mundo.

02. Há um aposto que não é marcado por sinais de pontuação. É o aposto que individualiza um nome comum e vem sempre representado por um nome próprio. Identifique-o em cada oração.
a)      O poeta Castro Alves escreveu obra social de temas ligados à escravidão.
b)      Era o governador Sartori acompanhado de seus secretários.
c)      A serra do Mar acompanha grande parte do litoral brasileiro.
d)     A cidade de Recife é recortada por dois rios.

03. Aposto é uma palavra ou expressão que explica, esclarece ou resume um termo a que se refere. Na escrita, em geral, o aposto vem separado do termo a que se refere por meio de todos os sinais de pontuação a seguir, EXCETO
a)      dois-pontos.
b)      ponto final.
c)      travessão.
d)     vírgula.

04. Reconheça o termo que desempenha a função de aposto e é considerado um adjunto adverbial.
a)      Amanhã, sábado, haverá reunião.
b)      Este é Lucas, meu sobrinho.
c)      Eu gosto desta sobremesa: pavê de chocolate.
d)     Todo cidadão deve ser útil à pátria, mãe de todos.

05. Identifique a alternativa que precisa de dois-pontos.
a)      Quero só uma coisa a tua alegria.
b)      Pedro II ex-imperador do Brasil foi deportado.
c)      Todos os alunos principalmente os do 8º ano receberam elogios.
d)     Pedro o delegado estava com o prefeito.

06. Vocativo é a palavra ou expressão que serve para chamar, invocar uma pessoa, animal ou coisa personificada. Sublinhe o vocativo das orações a seguir.
a)      Ei, garota, empreste-me um pouco a sua caneta?
b)      Tomem cuidado, rapazes!
c)      Marina, onde pensa que está para gritar assim?
d)     Sabe, Hélen, não encontrei o livro que você me pediu.


07) Sublinhe o aposto:
a)Alexandre, rei da Macedônia, morreu aos 33 anos.
b)O almirante Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil.
c)D. Pedro, príncipe regente, fez a Independência.
d)Os grupos venceram Xerxes, rei dos Persas.
e)O imperador D.Pedro I partiu para Portugal.
f)Camões, o épico dos Lusíadas, escreveu também poemas líricos.
g)Comprei esta camisa na rua Buenos Aires.
h)Renato, primo de meu colega, passou no vestibular.
i)Meu tio Alberto leciona há muitos anos.
j)Gostei do romance Quincas Borba.

08) Sublinhe o vocativo:
a)Paulo, toma a sopa.
b)Aonde iremos agora, papai?
c)Mamãe, quero falar com a senhora.
d)Bom dia, amigo.
e)João, aonde vai?
f)Minha senhora, chamaram-na ao telefone.
g)Ó homem de pouca fé, porque duvidaste?
h)Professora, amanhã teremos aula?
i)Poeta, canta as glórias da sua pátria.
j)Quantos anos tens, rapaz?
GABARITO
1-D
2-A-Castro Alves, B –Sartori, c- do Mar, d-de Recife
3-B
4- A (sábado)
5-A
6-A-garota, b- rapazes, c- Marina, d- Hélen

7)
a)Alexandre, rei da Macedônia, morreu aos 33 anos.
b)O almirante Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil.
c)D. Pedro, príncipe regente, fez a Independência.
d)Os grupos venceram Xerxes, rei dos Persas.
e)O imperador D.Pedro I partiu para Portugal.
f)Camões, o épico dos Lusíadas, escreveu também poemas líricos .
g)Comprei esta camisa na rua Buenos Aires.
h)Renato, primo de meu colega, passou no vestibular.
i)Meu tio Alberto leciona há muitos anos.
j)Gostei do romance Quincas Borba.

8)
a )Paulo, toma a sopa.
b)Aonde iremos agora, papai?
c)Mamãe, quero falar com a senhora.
d)Bom dia, amigo.
e)João, aonde vai?
f)Minha senhora, chamaram-na ao telefone.
g)Ó homem de pouca fé, porque duvidaste?
h)Professora, amanhã teremos aula?
i)Poeta, canta as glórias da sua pátria.
j)Quantos anos tens, rapaz?



quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Revisão de crase com gabarito

Olá,
prepare-se para a prova final de Português. Esta postagem sobre crase contém 5 atividades  que certamente esclarecerão muito de suas dúvidas.
Faça bom uso dela.

Profª Elisete

Revisão de crase
1. Coloque nas lacunas uma das opções dos parênteses, de acordo com a regência verbal.
a) Toda mãe visa ___ felicidade dos filhos. (a - à)
b) O clipe não agradou ___ público. (a - ao)
c) Nas férias, aspiro ___ ar puro da manhã na fazenda. (o - ao)
d) Hoje, não posso deixar de assistir ___ novela das oito. (a - à)
e) O cargueiro procede ___ Recife. (a - de)

2. Copie as frases, usando ou não a crase.
a) Ninguém assistiu as novelas durante as férias. Ninguém assistiu às novelas durante as férias.

b) Regressou a Manaus e foi logo visitar a feira livre. Só depois é que se dirigiu a casa dos pais. Regressou a Manaus e foi logo visitar a feira livre. Só depois é que se dirigiu à casa dos pais.                              a = preposição                     a= artigo            

c) Inscrições para o concurso: de 20 a 30 de novembro. Inscrições para o concurso: de 20 a 30 de novembro.
                                                                                                      Entre números “a” = preposição.

d) Oferecemos este brinde as vencedoras e não a vocês.  Oferecemos este brinde às vencedoras e não a vocês.
Oferecemos a quem? “Para” as vencedoras.                                                                                                   
Preposição a + as artigo feminino plural = às                                                                                    

Preposição (diante de pronome "vocês" não há crase.)

e) Eles se referiam a minha prima e não a sua.

Eles se referiam à minha prima e não à sua. Ou Eles se referiam a minha prima e não a sua.

OBS: Diante de pronome possessivo (minha), a crase é facultativa. Estão corretos os dois casos.

3- Leia o texto e indique quais das palavras destacadas precisam do acento indicador de crase:
Tem bicho mais falado que esse?
O boi é temido e respeitado. Por esses brasis, há uma literatura oral de louvação às façanhas e manhas do boi, sua agilidade, força e decisão. Câmara Cascudo, no Dicionário do Folclore Brasileiro, registra que, no Nordeste, onde antigamente não se cercavam terras, criavam os bois soltos. Todo ano, os vaqueiros separavam as boiadas pelas marcas impressas a ferro em brasa. Alguns bois escapavam, criando fama de ariscos. Eram os barbatões, que vaqueiros corajosos iam buscar. Às  vezes o boi escapava novamente e crescia a  fama. Um dia, um vaqueiro o descobria, corria horas e horas perseguindo a  pista e o trazia ao grito do aboio para o curral. Abatiam a  tiros o fujão e aproveitavam a carne.
Cantadores celebravam. O boi ficava famoso. Em alguns versos, tornava-se gigantesco. O cantador, de forma humorada, dividia os melhores trechos com pessoas conhecidas da redondeza.
O boi está tão presente na cultura dos brasileiros, que sua figura se apresenta em folguedos folclóricos, canções, literatura de cordel e tantas outras manifestações: boi-bumbá, bumba-meu-boi, boi-de-reis, reisado, boi-de-mamão, boi-calemba, surubim, farra-do-boi.
Janaina Abreu
Leia a explicação do porquê haver só duas ocorrências de crase no texto.

Tem bicho mais falado que esse?
O boi é temido e respeitado. Por esses brasis, há uma literatura oral de louvação às (prep. A + a artigo) façanhas e manhas do boi, sua agilidade, força e decisão. Câmara Cascudo, no Dicionário do Folclore Brasileiro, registra que, no Nordeste, onde antigamente não se cercavam terras, criavam os bois soltos. Todo ano, os vaqueiros separavam as (artigo feminino) boiadas pelas marcas impressas a (preposição: “ferro” é palavra masculina) ferro em brasa. Alguns bois escapavam, criando fama de ariscos. Eram os barbatões, que vaqueiros corajosos iam buscar. Às (usa-se sempre crase nas expressões edverbiais femininas) vezes o boi escapava novamente e crescia a (artigo feminino) fama. Um dia, um vaqueiro o descobria, corria horas e horas perseguindo a (artigo feminino) pista e o trazia ao grito do aboio para o curral. Abatiam a  (preposição – além disso, “tiros” é palavra masculina e plural!)tiros o fujão e aproveitavam a carne.
Cantadores celebravam. O boi ficava famoso. Em alguns versos, tornava-se gigantesco. O cantador, de forma humorada, dividia os melhores trechos com pessoas conhecidas da redondeza.
O boi está tão presente na cultura dos brasileiros, que sua figura se apresenta em folguedos folclóricos, canções, literatura de cordel e tantas outras manifestações: boi-bumbá, bumba-meu-boi, boi-de-reis, reisado, boi-de-mamão, boi-calemba, surubim, farra-do-boi.
Janaina Abreu

DICA: Como distinguir A artigo e A preposição?
  • Quando preposição, o 'a' é invariável (não tem singular e plural) e pode ser substituído por 'para'. Exemplo:
Fui a (para) S. Paulo. 
·         Como artigo 'definido', ele especifica (define) o objeto (pessoa ou coisa) e aceita plural (as): 
Enviei a encomenda a (para) S.Paulo.  No plural fica: Enviei as encomendas a (para) S.Paulo. 
                              
 Artigo                        preposição
Para aprender o uso correto da crase é essencial entender essa diferença. Dê uma olhada nas regras da crase e provavelmente você vai ter o "estalo" para diferenciar artigo e preposição. 

4) Reescreva as orações colocando o acento indicador de crase quando necessário:
a) O autor refere-se a educação como sendo a marca de nobreza de um regime democrático e defende a importância de oferecê-la as crianças pobres.
b) As liberdades democráticas garantem as pessoas o direito de fazer oposição a decisões governamentais das quais elas discordem.
c) Hoje, as quatro horas, estarão frente a frente as duas equipes candidatas a vaga restante para o torneio a realizar-se no próximo mês.
Respostas:
a) O autor refere-se à educação como sendo a marca de nobreza de um regime democrático e defende a importância de oferecê-la às crianças pobres.
b) As liberdades democráticas garantem às pessoas o direito de fazer oposição a decisões governamentais das quais elas discordem.
c) Hoje, às quatro horas, estarão frente a frente as duas equipes candidatas à vaga restante para o torneio a realizar-se no próximo mês.

OBS: diante de horas sempre se usa crase. Já com expressões repetidas (frente a frente, pouco a pouco) não se usa.


5. Complete as lacunas com a sequência correta:
a-  É pequena a proporção de água doce no planeta. O acesso ...... ela depende de um sistema eficiente de coleta e distribuição, pois muitas vezes é captada ...... quilômetros de distância, antes de ser entregue com qualidade ...... população. As lacunas da frase acima estão corretamente preenchidas, respectivamente, por
a) a - a - à            b) a - à – à           c) a - a – a          d) à - à - a           

b. Com o inchaço populacional decorrente do fluxo migratório em direção ...... cidades, surgiram problemas na oferta de serviços ...... população, que muitas vezes não consegue acesso ...... recursos essenciais. As lacunas da frase acima são corretamente preenchidas, respectivamente, por:
a) às – à – à        b) às – à – a        c) as – a – à        d) as – à – a

c. Graças ...... resistência de portugueses e espanhóis, a Inglaterra furou o bloqueio imposto por Napoleão e deu início ...... campanha vitoriosa que causaria ...... queda do imperador francês. Preenchem as lacunas da frase acima, na ordem dada,
a) a - à – a           b) à - a – a           c) à - à – a           d) a - a – à

d. Gabriel García Marquez cresceu em meio ...... plantações de banana de Arataca, situada ....... poucos quilômetros do vilarejo de Macondo, que ele se dedicou ....... retratar na obra Cem anos de solidão. Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada:
a) as - à – à         b) às - a – a         c) às - à – à         d) as - a - à

e. É difícil ficar indiferente ...... causa definida por algumas organizações não governamentais que ajudam ...... captar recursos para preservar ...... cultura de tribos da floresta amazônica. Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada:
a) a – à – à          b) à – a – a          c) à – a – à          d) à – à – a

f. O exame apurado das contas destinava-se ............verificação de erros ou desvios na aplicação das verbas, tanto em relação .............despesas ordinárias, quanto .............eventuais situações de emergência, durante o semestre. As lacunas da frase acima serão corretamente preenchidas, respectivamente, por
a) à - às - a          b) à - as - a          c) à - as – à         d) a - às - à          (a no singular diante de palavra no plural - Não ocorre crase.)

g. A exposição aos raios solares dá ............pessoas uma cor bronzeada, além de fazer bem .............saúde, desde que se tomem os cuidados necessários ............cada tipo de pele. As lacunas da frase acima estão corretamente preenchidas, respectivamente, por

a) às - a - a          b) às - à - à          c) as - à – à         d) às - à – a

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Palavras regionalistas

Olá,
para você pesquisar o vocabulário regionalista - do nossos antepassados.
Veja que muitas palavras ainda hoje são usadas na fala dos gaúchos .

Ilustração do conto Trezentas onças

Palavras regionalistas
Abichornado: triste, aborrecido, envergonhado;
A la pucha: surpresa, admiração, espanto;
À meia guampa: levemente embriagado;
Bagual: pessoa rude, mal-educada;
Baita: muito grande, muito bom;
Bate-coxa: dança, baile;
Bergamota (ou bêrga): tangerina, mexerica;
Bolear a perna: descer do cavalo;
Bolicho: boteco, bodega
Borracho: bêbado;
Buenacha: boa;
Charlar: conversar;
Chasque: mensagem, recado, ou mensageiro;
China: mulher morena, de traços indígenas, ou mulher de vida fácil;
Chinoca: diminuitivo de china;
Chorar as pitangas: queixar-se;
Com o pé no estribo: pronto para sair, com pressa;
Cusco: cão vira-lata, guaipeca;
e laço a laço: em toda a extensão;
De prima: na primeira tentativa;
De vareio: vencer de forma fácil;
Dente-seco: valente, destemido;
Desabotinado: adoidado, estourado;
Despacito: devagar;
Dobrar o cotovelo: beber;
Entonces: então;
Entrevero: briga, confusão, desordem;
Esgualepado: desarrumado, desengonçado, machucado, quebrado;
Guasca: homem forte, valente;
Haragano: vadio, vagabundo, preguiçoso;
Hasta: até;
Macanudo: muito legal, bonito;
Mamão: explorador;
Manotaço: bofetada;
Matear: tomar chimarrão;
Me caiu os butiás do bolso: ficar chocado, decepcionado, surpreso;
Num upa: rapidamente;
Patrão Velho: Deus;
Peleia: briga, luta, embate;
Taipa: burro, ignorante;
Tertúlia: reunião familiar ou de amigos;
Trago: bebida alcoólica;
Trotear: caminhar a trote, viajar;
Trovar: conversar, prosear, xavecar;
Tunda: surra;
Um viva la pátria: desordem, confusão;
Uma-de-pé: briga, luta;
Vaqueano: quem conhece os caminhos, guia;
Vivente: indivíduo;
Xirú: amigo, pessoa mais velha e experiente;
Xucro: cavalo arisco, ou pessoa grosseira;
MATE DO ESTRIBO: Mate do Estribo significa o último chimarrão antes de partir;


ANTONCES – Deturpação de então.
APARTAR – Separar.
APEROS – Preparos necessários para a encilha.
APERREADO – Enfraquecido.
APESSOADO – Diz-se da pessoa de boa presença, de boa aparcência, vestida com elegância.
APETRECHOS – Equipamentos.
APLASTADO – Cansado, abatido, esmorecido, fatigado, desanimado.
APOJAR – Ato de deixar o terneiro mamar, para provocar a lactação.
APOJO – O leite mais gordo extraído após a segunda apojadura.
APORREADO – Mal domado.
APORRINHAR – Aborrecer, incomodar.
APOTRAR-SE – Tornar-se arredio por falta de costeio.
APRECATAR – Acautelar, preparar.
AQUERENCIAR – Acostumar numa querência.
ARAGANO (Haragano) – Não dado ao trabalho.
ARATACA – Algo de má qualidade.
ARISCO – Xucro e assustado.
ARPISTA – Arisco, desconfiado.
ARREDIU – Animal que não foi bem domado.
ARREGLAR – Combinar.
ARREGLO – Ato de arreglar.
ARREIOS – Conjunto da encilha.
ARRIBA – Acima.
ARRINCONAR – Aquerenciado num rincão.
ARRISCAR – Aventurar.
ARROCINAR – Completar a doma.
ASPA – Chifre (guampa).
ASSOLEADO – Estragado do fôlego.
ATEMPADO – Adoentado.
ATIÇAR – Açular o cachorro contra alguém, ou contra algo.
ATILHO – Prendedor que ata.
ATOPETADO – Completamente cheio, lotado.
ATOSSICAR – Envenenar com maus conselhos, intrigar.
ATROPELAR – Investir.
ATUCANAR – Insistir.
AUNQUE – Embora, ainda que, conquanto.
AVEXADO – Contrafeito, aborrecido por algum incômodo.
AVEXAR - Molestar
AVIOS – Apetrechos que formam o conjunto de matear ou chimarrear (de pitar, de pescar, de laboratório, etc.).
AZULAR – Sumir, desaparecer.
BABAUS – Acabou-se.
BADANA – Apero de sola para proteger os forros dos arreios.
BADULAQUE – Traste de pouca importância.
BAFAFÁ – Alarido, conversalhada desnecessária.
BAFOR – Exalação morna.
BAGUAL – Selvagem, xucro.
BAGULHO – Pessoa de baixa categoria.
BAIANADA – Fiasco feito montado em eguariço.
BAITA – Enorme.
BAILANTEIRO – Quem promove baile.
BAILARINO (Dançarino) – Quem gosta de dançar em baile.
BAIXEIRO – Xergão (1º apero que se coloca no lombo puro do animal).
BALACA – Gabolice.
BALAIO (Raído) – Cesta grande.
BALAQUEIRO – Pessoa que gosta de se auto-elogiar.
BALDA – Mânha.
BANDEAR – Atravessar pra outra “banda” (lado, margem).
BANZÉ – Desordem.
BARBAQUÁ – Tipo de forno utilizado para secar erva-mate que recebe calor indireto.
BARBARIDADE – Barbarismo;  interjeição que exprime espanto, admiração.
BASTO – Tipo de arreio.
BELENDENGUE – Milico de cavalaria.
BIBOCA – Lugar de difícil acesso.
BICANCA – Antiquado.
BICHARÁ – Poncho artesanal feito com lã tramada.
BIJUJA – Dinheiro.
BIRIVA (Biriba) – Nome dado aos habitantes gaúchos descendentes de italianos ou polacos que habitam em Cima da Serra.
BISCA – Pessoa ordinária.
CABORTEIRO – Animal manhoso e infiel, velhaco.
CABRESTO – Apero de couro cru que prende-se ao buçal (pela cedeira ou fiador).
CACIMBA – Fonte de água potável já devidamente preparada com tampa.
CAFUNDÓ – Lugar ermo e solitário.
CAGAÇO – Susto.
CAIAMBOLA – Mal vestido, como escravo fugitivo que se acoitava em quilombos.
CALIFÓRNIA – Carreira da qual participam mais de dois parelheiros;  penca.
CALAVEIRA – Desonesto.
CAMANGA – Negócio escuso.
CAMBADA – Grupo de pessoas de má qualidade.
CAMBICHO – Apego ou paixão por uma china, ou por um peão.
CAMBONA – Pava – recipiente que serve para aquecer líquidos.
CAMOTE – Namoro.
CARIJO – Denominação dada a um jirau de varas destinado à secagem da erva-mate.
CARIJÓ – Diz-se da ave pedrez.
CAUDILHO (Coronel honorário) – Chefe faccionário político de determinado reduto em uma querência.
CAÚNA – Erva-mate de má qualidade.
CENTAURO – Gaúcho antigo que peleava montado em eguariço.
CHICOCHOELHO – Rótula (osso) dos joelhos dos bovinos.
CHICOLATEIRA – Pava ou recipiente (obra de funileiro) que serve para aquecer líquidos.
CHIMANGO – Ave rapinídea;  alcunha dada em 1915, aos Borgistas (usuários do lenço branco com nó comum).
DEGAS – Eu próprio  (a minha pessoa).
DEGOLAR – Cortar parcialmente a garganta (a veia aorta) – não é o mesmo que decapitar  (cortar a cabeça fora  ou  separar a cabeça do corpo).
DEJAHOJE – Passado recente.
DERREAR – Esmorecer, desanimar.
DESABOTINADO – Insensato, adoidado, estouvado.
ENCORDUAR – Seguir um após o outro.
ENCOSTE – Se diz, quando um peão se amaseia com uma china, que arrumou um encoste.
ENFEZO – Um ato bem ativo.

ENFERRUSCADO – Da cor da ferrugem do ferro.
ENGAZOPAR – Quando se está meio tonto, meio ébrio.
ENQUINZINAR – Insistir.
ENTONADO – Soberbo, arrogante.
ENTREVERO – Mistura  e  confusão de pessoas,  animais  ou  coisas.
ENTROPIGAITADO – Atrapalhado.
ENTREVISCADO – Meio embriagado.
ENVEREDAR – Seguir veredas.
HARAGANO (ou Aragano) – Não dado ao serviço.
 HARPISTE – Esperto.
INCAFIFAR – Obstinar-se em fazer algo.
INCUCAR – Obstinar-se em lembrar algo.
INHAPA – Aquilo que o vendedor dá de presente além do combinado.
INSTRUVENGA – Instrumento de pouco valor.
INTENDENTE – Prefeito.
LAIA – Raça, espécie de gente de baixa categoria.
LAMBÃO – Imundo, relaxado e maltrapilho.
LAMBEDOR – Adulão, bajulador.
LAMBUJA – Vantagem que se dá sem ter sido pedida ou solicitada.
MALEVA – Malfeitor, desalmado, mau e perverso.
MAMAO – Bêbado, embriagado.
MAMBIRA – Vivente mal pilchado e ou, que caminha mal.
MANDADO – Raio, corisco.
MANDALETE – Vivente incumbido de levar leite aos agregados do galpão (de  manda letche);  também, levar recados ou ordens aos peões.
MANGO – Espécie de açoite.
MANOTAÇO – Pancada com a mão.
MANOTEADO – Roubado.
MARAGATEAR – Exercer atividade política de Maragato.
MARAGATO – Aficionado tradicionário e político, que ostenta o lenço colorado com o nó quadrado (quatro cantos ou rapadura);  esse vocábulo, na origem designava ladrão de moça, de cavalo, de gado, etc.
MARMANJO – Adolescente grande e de pouca sabência.
MASTRUCO – Grosso, sem educação.
MATE – Só é mate se tiver algum jujo (chá) junto com a erva.
MATUNGO – Cavalo de pouca qualidade.
MATURRANGO – Vivente de pouca cultura.
MATUTAR – Pensar.
MAULA – Vivente que não devemos recomendar.
MEDONHO  -  Que incute medo.  Muito arteiro e muito feio.
MEQUETREFE – Vagabundo, indivíduo pequeno, insignificante e pretensioso que gosta de se intrometer onde não é chamado.
MERMÁ – Abrandar, diminuir.
MESURA – Cortesia da nobreza que consiste em inclinar-se levemente levando a mão à TESTA  (significando:  por quem se estão meus pensamentos),  à BOCA  (significando:  minhas palavras)  e  ao  PEITO   (significando:  meu coração admirando ali naquele momento).
MICHE – Coisa insignificante.
MILICO – Vocábulo de origem espanhola, que significa:  Militar.
MOFINO – Sovino, pão-duro, avarento.
ÔIGALE – Interjeição que exprime espanto ou admiração de pessoa.
ÔIGATE – Interjeição que exprime espanto ou admiração de coisa.
OLADA – Oportunidade de sorte.
ONTONTE – Antes de ontem.
OREAR – Secar ao sol e ao vento.
PERCANTA – Moça linda.
PICARDIA – Procedimento irônico.
PICHURUM – Mutirão.
PINGUANCHA – Pejorativo de moça jovem e vulgar.
PILA – Denominação dada à antiga moeda de “um mil réis”.
PILCHAS – Peças da indumentária (vestimenta) gaúcha de homem ou de mulher.
PILUNGO – Cavalo imprestável.
PINDAÍBA – Estar sem dinheiro.
PINGO – Afetivo de cavalo de estimação.
PRISCO – Susto.
PRÓPRIO – Estafeta que leva algo a outrem.
RAFUAGE – Gente de baixa categoria.
RAÍDO – Grande cesta (balaio).
RELANCINA – No repente.
TEMPRANO – Contemplando.
TENÊNCIA – Atenção.
TENTEAR – Aguardar.
TERERÊ – Chimarrão com água fria  -  mate paraguaio.
TOCAIA – Emboscada,  espreitada.
TOCAIO – Homônimo, xará.
TRAMPOSO – Intrometido e obstaculizador.
TRANCO – Andadura lenta dos eguariços.
TRADICIONALISTA – Adepto do tradicionalismo, sem ter um profundo conhecimento da “Tradição Gaúcha”.
TRADICIONÁRIO – Aquele que tem profundo conhecimento e vive a “Tradição Gaúcha”.
TURUMBAMA – Tumulto de briga.
TUZINA – Sova, tunda, surra bem dada.
VAQUEANO – Prático e conhecedor do lugar.
VAREJÃO – Vara grossa e comprida para trancar porteiras de vara.
VASCA – Essa pilcha é dos VASCOS e não é “tradicional” no RGS, mas sim “evolucional”.  Chegou aos países platinos a partir da Guerra do Paraguai.
VELHACO – Inconfiável.
VELHACAR – Corcovear e dar pinotes.
VENTANA – Vivente de má reputação.
XIRÚ – Vivente amigo e companheiro;  é um vocábulo síntese da palavra CHE (amigo) e da palavra IRÚ (companheiro).
XOMICO – Interjeição que exprime desprezo apreensivo.
XUMBREGA – Algo de pouca importância.
XUCRO – Selvagem.
ZINTISTINOS – Intestinos.
ZÓIOS – Olhos.
ZOREIAS – Orelhas.
ZOSSOS – Ossos.
ZOVÁRIOS – Ovários.
ZOVOS – Ovos.
ZUNIR – Retinir.
ZURRAPA – Ordinário e de má qualidade.
ZURUMBÁTICO – Tonto, esquecido, abatido.
ZUVIDOS – Ouvidos. 


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Estudo do conto Trezentas onças

Olá,

Após a contação dos contos de João Simões Lopes Neto, O BOI VELHO e JOGO DO OSSO, estudaremos um pouco mais outro conto do autor, Trezentas onças.




Faz parte das comemorações dos 150 anos de nascimento do autor e 100 anos de seu falecimento. O governo do Estado do RS instituiu o biênio 2015/2016 para homenagear este grande escritor.


Trezentas onças de J. Simões Lopes Neto
         Eu tropeava, nesse tempo. Duma feita que viajava de escoteiro, com a guaiaca empanzinada de onças de ouro, vim varar aqui neste mesmo passo, por me ficar mais perto da estância da Coronilha, onde devia pousar.
         Parece que foi ontem! ... Era fevereiro; eu vinha abombado da troteada.
         — Olhe, ali, na restinga, à sombra daquela mesma reboleira de mato que está nos vendo, na beira do passo, desencilhei; e estendido nos pelegos, a cabeça no lombilho, com o chapéu sobre os olhos, fiz uma sesteada morruda.
         Despertando, ouvindo o ruído manso da água tão limpa e tão fresca rolando sobre o pedregulho, tive ganas de me banhar; até para quebrar a lombeira... e fui-me à água que nem capincho!
         Debaixo da barranca havia um fundão onde mergulhei umas quantas vezes; e sempre puxei umas braçadas, poucas, porque não tinha cancha para um bom nado.
         E solito e no silêncio, tornei a vestir-me, encilhei o zaino e montei. Daquela vereda andei como três léguas, chegando à estância cedo ainda, obra assim de braça e meia de sol.
         — Ah! . .. esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorro brasino, um cusco mui esperto e bom vigia. Era das crianças, mas às vezes dava-lhe para acompanhar-me, e depois de sair a porteira, nem por nada fazia cara-volta, a não ser comigo. E nas viagens dormia sempre ao meu lado, sobre a ponta da carona, na cabeceira dos arreios.
         Por sinal que uma noite...
         Mas isso é outra cousa: vamos ao caso.
         Durante a troteada bem reparei que volta e meia o cusco parava-se na estrada e latia e corria pra trás, e olhava-me, olhava-me e latia de novo e troteava um pouco sobre o rastro; — parecia que o bichinho estava me chamando! ... Mas como eu ia, ele tornava a alcançar-me, para daí a pouco recomeçar.
         — Pois, amigo! Não lhe conto nada! Quando botei o pé em terra na ramada da estância, ao tempo que dava as — boas tardes! — ao dono da casa, agüentei um tirão seco no coração... não senti na cintura o peso da guaiaca!
         Tinha perdido trezentas onças de ouro que levava, para pagamento de gados que ia levantar.
         E logo passou-me pelos olhos um clarão de cegar, depois uns coriscos tirante a roxo... depois tudo me ficou cinzento, para escuro...
         Eu era mui pobre — e ainda hoje, é como vancê sabe... —; estava começando a vida, e o dinheiro era do meu patrão, um charqueador, sujeito de contas mui limpas e brabo como uma manga de pedras...
         Assim, de meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:
         — Então patrício? Está doente?
         — Obrigado! Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi uma dinheirama do meu patrão...
         — A la fresca!...
         — É verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...
         — É uma dos diabos, é... mas; não se acoquine, homem!
         Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...
         Ah!... E num repente lembrei-me bem de tudo. Parecia que estava vendo o lugar da sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos de sarandi, e, em cima de uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das armas, e até uma ponta de cigarro de que tirei uma última tragada, antes de entrar na água, e que deixei espetada num espinho, ainda fumegando, soltando uma fitinha de fumaça azul, que subia, fininha e direita, no ar sem vento...; tudo, vi tudo.
         Estava lá, na beirada do passo, a guaiaca. E o remédio era um só: tocar a meia rédea, antes que outros andantes passassem.
         Num vu estava a cavalo; e mal isto, o cachorrito pegou a retouçar, numa alegria, ganindo — Deus me perdoe! — que até parecia fala!
         E dei de rédea, dobrando o cotovelo do cercado.
         Ali logo frenteei com uma comitiva de tropeiros, com grande cavalhada por diante, e que por certo vinha tomar pouso na estância. Na cruzada nos tocamos todos na aba do sombreiro; uns quantos vinham de balandrau enfiado. Sempre me deu uma coraçonada para fazer umas perguntas... mas engoli a língua.
         Amaguei o corpo e, penicando de esporas, toquei a galope largo.
         O cachorrinho ia ganiçando, ao lado, na sombra do cavalo, já mui comprida.
         A estrada estendia-se deserta; à esquerda, os campos desdobravam-se a perder de vista, serenos, verdes, clareados pela luz macia do sol morrente, manchados de pontas de gado que iam se arrolhando nos paradouros da noite; à direita, o sol; muito baixo, vermelho-dourado, entrando em massa de nuvens de beiradas luminosas.

         Nos atoleiros, secos, nem um quero-quero: uma que outra perdiz, sorrateira, piava de manso por entre os pastos maduros; e longe, entre o resto da luz que fugia de um lado e a noite que vinha, peneirada, do outro, alvejava a brancura de um joão-grande, voando, sereno, quase sem mover as asas, como uma despedida triste, em que a gente também não sacode os braços...
         Foi caindo uma aragem fresca; e um silêncio grande, em tudo.
         O zaino era um pingaço de lei; e o cachorrinho, agora sossegado, meio de banda, de língua de fora e de rabo em pé, troteava miúdo e ligeiro dentro da polvadeira rasteira que as patas do flete levantavam.
          E entrou o sol; ficou nas alturas um clarão afogueado, como de incêndio num pajonal; depois, o lusco-fusco; depois, cerrou a noite escura; depois, no céu, só estrelas... só estrelas...
         O zaino atirava o freio e gemia no compasso do galope, comendo caminho. Bem por cima da minha cabeça as Três-Marias, tão bonitas, tão vivas, tão alinhadas, pareciam me acompanhar... lembrei-me dos meus filhinhos, que as estavam vendo, talvez; lembrei-me da minha mãe, do meu pai, que também as viram, quando eram crianças e que já as conheceram pelo seu nome de Marias, as Três-Marias. Amigo! Vancê é moço, passa a sua vida rindo...; Deus o conserve!... sem saber nunca como é pesada a tristeza dos campos quando o coração pena!...
         — Há que tempos eu não chorava!... Pois me vieram lágrimas..., devagarinho, como gateando, subiram... tremiam sobre as pestanas, luziam um tempinho... e ainda quentes, no arranco do galope lá caíam elas na polvadeira da estrada, como um pingo d'água perdido, que nem mosca nem formiga daria com ele! ...
         Por entre as minhas lágrimas, como um sol cortando um chuvisqueiro, passou-me na lembrança a toada dum verso lá dos meus pagos:
Quem canta refresca a alma,
Cantar adoça o sofrer;
Quem canta zomba da morte:
Cantar ajuda a viver! ...
Mas que cantar podia eu! ...
         O zaino respirou forte e sentou e sentou, trocando a orelha, farejando no escuro: o bagual tinha reconhecido o lugar, estava no passo.
         Senti o cachorrinho respirando, como assoleado. Apeei-me.
         Não bulia uma folha; o silêncio, nas sombras do arvoredo, metia respeito... que medo não, que não entra em peito de gaúcho!
         Embaixo, o rumor da água pipocando sobre o pedregulho; vagalumes retouçando no escuro. Desci, dei com o lugar onde havia estado; tenteei os galhos do sarandi; achei a pedra onde tinha posto a guaiaca e as armas; corri as mãos por todos os lados, mais pra lá, mais pra cá...; nada! nada!...
         Então, senti frio dentro da alma... o meu patrão ia dizer que eu o havia roubado!... roubado!... Pois então eu ia lá perder as onças!... Qual! Ladrão, ladrão, é que era! ...
         E logo uma tenção ruim entrou-me nos miolos: eu devia matar-me, para não sofrer a vergonha daquela suposição. É; era o que eu devia fazer: matar-me... e já, aqui mesmo!
         Tirei a pistola do cinto; amartilhei o gatilho... benzi-me, e encostei no ouvido o cano, grosso e frio, carregado de bala. ..
         — Ah! patrício! Deus existe! ...
         No refilão daquele tormento, olhei para diante e vi... as Três-Marias luzindo na água... o cusco encarapitado na pedra, ao meu lado, estava me lambendo a mão... e logo, logo, o zaino relinchou lá em cima, na barranca do riacho, ao mesmíssimo tempo que a cantoria alegre de um grilo retinia ali perto, num oco de pau!... — Patrício! não me avexo duma heresia; mas era Deus que estava no luzimento daquelas estrelas, era Ele que mandava aqueles bichos brutos arredarem de mim a má tenção...
         O cachorrinho tão fiel lembrou-me a amizade da minha gente; o meu cavalo lembrou-me a liberdade, o trabalho, e aquele grilo cantador trouxe a esperança.. .
         Eh-pucha! patrício, eu sou mui rude... a gente vê caras, não vê corações...; pois o meu, dentro do peito, naquela hora, estava como um espinilho ao sol, num descampado, no pino do meio-dia: era luz de Deus por todos os lados!...
         E já todo no meu sossego de homem, meti a pistola no cinto. Fechei um baio, bati o isqueiro e comecei a pitar.
         E fui pensando. Tinha, por minha culpa, exclusivamente por minha culpa, tinha perdido as trezentas onças, uma fortuna para mim. Não sabia como explicar o sucedido, comigo, acostumado a bem cuidar das cousas. Agora... era vender o campito, a ponta de gado manso — tirando umas leiteiras para as crianças e a junta dos jaguanés lavradores — vender a tropilha dos colorados... e pronto! Isso havia de chegar, folgado; e caso mermasse a conta... enfim, havia de se ver o jeito a dar... Porém matar-se um homem, assim no mais... e chefe de família... isso, não!

         E despacito vim subindo a barranca; assim que me sentiu, o zaino escarceou, mastigando o freio.
         Desmaneei-o, apresilhei o cabresto; o pingo agarrou a volta e eu montei, aliviado.
         O cusco escaramuçou, contente; a trote e galope voltei para a estância.
         Ao dobrar a esquina do cercado enxerguei luz na casa; a cachorrada saiu logo, acuando. O zaino relinchou alegremente, sentindo os companheiros; do potreiro outros relinchos vieram.
         Apeei-me no galpão, arrumei as garras e soltei o pingo, que se rebolcou, com ganas.
         Então fui para dentro: na porta dei o — Louvado seja Jesus-Cristo; boa-noite! — e entrei, e comigo, rente, o cusco. Na sala do estancieiro havia uns quantos paisanos; era a comitiva que chegava quando eu saía; corria o amargo.
         Em cima da mesa a chaleira, e ao lado dela, enroscada, como uma jararaca na ressolana, estava a minha guaiaca, barriguda, por certo com as trezentas onças dentro.
         — Louvado seja Jesus-Cristo, patrício! Boa-noite! Entonces, que tal le foi o susto?...
         E houve uma risada grande de gente boa.
         Eu também fiquei-me rindo, olhando para a guaiaca e para o guaipeva, arrolhadito aos meus pés...
Questões:
1- Por que no conto ‘patrício’ é escrito com letra minúscula?

2- Qual a importância do cusco na história?

3- Descreva o final do conto.

4- O personagem principal é o narrador,isto,é, o conto é do tipo narrador-personagem: 

5 -Qual foi a causa dele desistir do suicídio?

6 - Porque em geral ,assim como no conto, os empregados temem tanto o patrão?

7-  Porque a proximidade do suicídio e o temor pelo patrão implica na qualidade do conto?

8 - Cite uma parte do conto quando o protagonista demonstra sua impulsividade na hora que ele pensa em se suicidar.

9- Qual o paralelo entre o conto e o trabalho hoje em dia?

10 - Qual foi o possível motivo que o fez mudar de ideia quando ele pensou em se matar?

11 - Qual a importância das Três-Marias para o tropeiro?

12 -  O texto é marcado por vocabulário regional.Cite 3 expressões que identifique essa afirmação.

13 - Qual fato ocorrido no conto que prova a ligação entre o homem e o seu cão ?


14 -  Descreva o medo do narrador ao perder o dinheiro.

15 - Em que momento o trabalhador se aproximou do suicídio?

16. Qual o estado de espírito do eu lírico nos três momentos do texto: antes de perder o dinheiro, quando descobriu que tinha perdido e quando achou ?

17. A linguagem possui características e palavras distintas.
a-  Pesquise 10 palavras regionalistas – gaúchas no conto;
b- pesquise  o significado no dicionário;
c- faça uma frase empregando-a
d- Faça um desenho com diálogo com as palavras pesquisadas;
e- Depois, apresente-as aos colegas e entregue à professora.

Resumo:
O conto traz a história de Blau Nunes, um tropeiro que foi encarregado de levar trezentas onças de ouro como pagamento do gado adquirido pelo patrão. No caminho, o personagem resolve descansar à beira de um rio, no qual banhou-se. Porém, ao retomar a viagem, esquece a guaiaca em que estava o dinheiro.

Apesar dos esforços do cão que o acompanhava, na tentativa de alertá-lo do esquecimento, seguiu a galope despreocupadamente. Ao entardecer, quando chegava à estância onde passaria a noite, lembrou-se da guaiaca com as trezentas onças que deixara para trás. Somente agora compreendia tamanha inquietação de seu cachorro.

Desesperado, decidiu voltar para procurar o dinheiro. Quando saía da fazenda, passou por uma comitiva de tropeiros que estava chegando. Quanto mais se aproximava do local onde lembrava ter deixado a guaiaca, mais aumentava sua ansiedade.

A noite chegara, mas ainda assim reconheceu o lugar onde havia parado. Blau Nunes então desceu do cavalo e começou a procurar as trezentas onças. Após verificar todo o espaço no qual poderia estar a guaiaca sem nada encontrar, desiste da procura, retornando à estância. Enquanto galopava, pensava no gado que teria de vender para pagar ao menos parte da quantia.

Ao chegar novamente à fazenda, dirigiu-se para a caso do estancieiro onde estavam os demais tropeiros da comitiva. Na sala, conversavam e saboreavam um mate amargo. Blau Nunes cumprimenta a todos e só então percebe que sobre a mesa, ao lado da chaleira, estava a guaiaca, "barriguda, por certo com as trezentas onças, dentro."