Achei de grande relevância esta reportagem do portal G1. O conhecimento não ocupa espaço e para meus alunos dos 8ºs anos 2018 então, de grande inteligência... faz muito bem saber!
Oito razões pelas
quais o plástico conquistou o mundo
Maleabilidade, praticidade e higiene fizeram
desse material um queridinho dos humanos por mais de um século - até seu uso
começar a sair do controle.
Por BBC
Homem trabalha separando garrafas de plástico num galpão em Jalandhar, na Índia (Foto: Shammi Mehra/AFP) |
O plástico é
hoje um conhecido vilão do meio ambiente. Ele demora a se decompor e vem
poluindo cada vez mais os oceanos, sendo uma ameaça à vida marinha - a ponto de
diversas cidades, como Rio de Janeiro, "declararem guerra" aos
canudos ou a outros itens plásticos de uso único.
E como será que
esse material se tornou tão presente no nosso cotidiano?
O cientista de
materiais e apresentador Mark Miodownik analisa a complicada relação humana com
o plástico e sua importância na vida moderna:
A versatilidade do plástico o tornou amplamente usado (Foto: Reprodução/Pequenas Empresas & Grandes Negócios) |
Plástico descartável é conveniente, mas cobra seu preço do meio ambiente (Foto: José Marcelo/ G1 PI) |
1. Os
primeiros plásticos substituíram o marfim
Surpreendentemente,
o primeiro plástico comercial foi feito de algodão.
Em 1863, o
marfim de elefantes, então amplamente usado para produtos cotidianos, como
candelabros, guarda-chuvas, bolas de sinuca e teclas de piano, estava se
tornando escasso. Para enfrentar a carência do material, um fabricante
americano de bolas de sinuca ofereceu US$ 10 mil a qualquer inventor capaz de
encontrar uma alternativa.
O inventor
amador John Wesley Hyatt aceitou o desafio e começou a experimentar materiais
feitos de lã de algodão e ácido nítrico.
Acabou
inventando o nitrocelulose, que chamou de "celuloide", um material
amarelado maleável capaz de tomar formas distintas.
No entanto, as
bolas feitas de celuloide eram levemente explosivas e produziam um barulho alto
quando se chocavam entre si.
De
qualquer modo, a invenção de Hyatt acabou tendo milhares de usos distintos -
tanto que a celuloide comercial acabou permitindo o desenvolvimento do filme
cinematográfico. O que nos leva para o item
2. O
plástico pavimentou o caminho do cinema
O primeiro
carretel de filme para cinema era, na verdade, feito de papel.
A maleabilidade
e a força da celuloide faziam dela o material perfeito para aumentar a
praticidade da produção cinematográfica.
Esse plástico
inflamável se destacava porque poderia ser confeccionado em longas tiras e
pintado com químicos que mudavam conforme a presença da luz.
Por isso, a
celuloide acabou permitindo a ampla produção e distribuição de filmes da
indústria de Hollywood.
3. Baquelite: Um material de mil usos
Em 1907, entrou
em cena o baquelite, uma resina sintética que era subproduto da queima de
carvão.
Era um material
quebradiço e de coloração marrom-escura, mas com benefícios: podia ser moldado
em formatos distintos e era muito duradouro.
Além disso, sua
propriedade como isolante elétrico o tornava perfeito para instalações, tomadas
e soquetes de luz.
O baquelite
abriu caminho para o desenvolvimento de outros plásticos sintéticos que viriam
nos 50 anos seguintes.
4. O
plástico influenciou a Segunda Guerra Mundial
Nos anos 1930 e 1940, cientistas petroquímicos criaram diversos
plásticos novos, inclusive o polietileno, que teve um papel vital na Segunda Guerra
Mundial: era usado para isolar as longas linhas elétricas usadas pelos radares
aéreos das forças aliadas (formadas primordialmente por Reino Unido, Estados
Unidos, União Soviética e China), ajudando-os, por exemplo, a proteger a frota
naval britânica no oceano Atlântico.
"(O plástico) deu aos nossos (militares) uma vantagem, e
há quem diga que ele contribuiu para o desfecho da guerra", diz Susan
Lambert, curadora do Museu do Design em Plástico na Universidade de Artes de
Bournemouth, na Inglaterra.
O material teve
incontáveis usos militares: o nylon serviu para substituir a seda na fabricação
de paraquedas; o acrílico foi usado nas janelas de compartimentos de tiro dos
tanques e capacetes de plástico tomaram o lugar dos de metal, que eram mais
pesados.
A invenção de
novas utilidades também coincidiu com um crescimento exponencial da indústria
plástica.
5. A
música pôde ser gravada
Até meados do
século 19, só era possível escutar música que fosse tocada diretamente dos
instrumentos musicais.
Isso mudou com
o clindro fonográfico, inventado por Thomas Edison em 1877.
Feitos de cera,
os primeiros cilindros permitiram a gravação e a reprodução do som, mas a
mudança para o plástico aumentou drasticamente a vida útil das gravações,
permitindo que elas fossem tocadas por anos e anos.
Vieram depois
os discos de vinil, as gravações em cassete e os CDs, tornando a música
acessível ao público em grande escala - tudo graças ao plástico.
|
6.
Hospitais se tornaram mais higiênicos
Ao adicionar
químicos extras ao plástico, inventores descobriram que conseguiam deixá-lo
mais elástico e maleável.
Essas
propriedades o tornaram perfeito para equipamentos hospitalares e, assim,
garrafas de vidro e tubos de borracha - difíceis de serem esterilizados e
suscetíveis a rachaduras - foram substituídos por bolsas de sangue e tubos
plásticos.
Além disso,
seringas descartáveis facilitaram a higiene em hospitais e ajudaram a salvar
vidas.
7. Descarte conveniente
Depois da
Segunda Guerra Mundial, a indústria petroquímica viveu grande expansão,
desenvolvendo dezenas de novos materiais plásticos. Foi a chamada
"revolução do plástico".
Economias de
escala tornaram o material muito barato quando fabricado em grandes
quantidades.
Por volta dos
anos 1960, surgiu o plástico de uso único - canudos, copinhos, colheres e etc
-, que conquistou consumidores por ser completamente descartável e livrá-los da
tarefa de ter que lavar louças após a festa de aniversário.
Nasceu aí a
cultura do descartável, que cobraria um alto preço do meio ambiente.
8. Plástico reduz o desperdício de comida
Segundo a FAO,
braço da ONU para alimentação e agricultura, a América Latina e o Caribe perdem
ou desperdiçam anualmente 15% dos seus alimentos disponíveis.
E um aliado
contra o desperdício é a embalagem plástica.
"Uma das
grandes vantagens dessas embalagens é a quantidade de tempo adicional que elas
dão às pessoas para levar o alimento (produzido) no campo até a gôndola do
supermercado", diz o cientista de materiais Phil Purnell. "Isso nos
permite proteger alimentos no transporte."
Embalagens plásticas foram cruciais no transporte e armazenamento de alimentos (Foto: Fabio Rodrigues/G1)
O que
deu errado?
Hoje, porém,
nossa dependência de produtos plásticos baratos, rapidamente descartáveis e
extremamente duradouros gerou um problema ambiental grave, sobretudo nos
oceanos, onde vai parar grande parte dos produtos descartados - e onde eles
permanecem por décadas ou séculos.
Os oceanos
recebem, a cada minuto, o equivalente a um caminhão cheio de plástico. É
crucial, portanto, mudar a forma como usamos e valorizamos esse material.
O mantra que
tem guiado isso é reduzir o consumo, reutilizar o que já existe e reciclar o
que precisar ser descartado.
Boa leitura!
Profª Elisete
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