Achei por bem colocar esta matéria em Alimentação Infantil para que todos os responsáveis pela alimentação das crianças tenham consciência sobre os malefícios que o açúcar pode causar a todos, principalmente em organismos em plena formação.
Hoje sabe-se que o pâncreas é um órgão atrofiado devido ao enorme estresse que sofre desde a mais tenra idade. E uma informação chocante: hoje, uma criaça com 2-3 anos de idade já consumiu todo o açúcar que um adulto 100 anos atrás, consumia ao longo de toda a sua vida.
Por Viviane Pereira *
Considerado por alguns uma droga tão viciante quanto a
heroína, o açúcar esconde por trás de seu doce paladar uma verdadeira ilusão
para a saúde. Veja aqui a opinião de médicos e especialistas sobre esse
desejado alimento, responsável por uma série de doenças.
Há quem fique com a boca cheia de água só de pensar em
comer uma doce sobremesa, seja um pudim, um bolo, uma torta ou um sorvete;
quanto mais doce, melhor. Tem ainda aqueles que são verdadeiras
"formiguinhas": não ficam muito tempo sem comer algo bem docinho, e
na falta de uma sobremesa pronta, vale encher a colher na lata de leite
condensado e levar à boca ainda pingando. Qualquer coisa que mate aquela
vontade louca de comer doce.
O
que essas pessoas não sabem - muitas sequer imaginam - é que o aparentemente
inocente açúcar refinado, quando consumido em excesso, pode provocar muitos
males à saúde, desde cáries a problemas mais graves, como labirintite, aumento
da pressão arterial, diabetes, obesidade... A impressão que se tem é que à
medida que vão sendo realizadas pesquisas sobre esse tema, são descobertas
novas consequências prejudiciais da ingestão de açúcar.
Tema
de teses, estudos e livros, o açúcar foi considerado veneno pelos que defendem
sua abolição total da dieta. Outros alertam para o aumento vertiginoso do
consumo, recomendando o uso mais restrito. Independentemente do posicionamento,
em uma coisa todos são unânimes: açúcar demais faz mal!
Quem
usa em excesso deve pensar seriamente em diminuir o consumo; quem enfrenta
doenças devido ao seu uso talvez deva considerar retirar esse ingrediente da
dieta, seguindo o exemplo de quem experimentou, superou e teve como recompensa
uma saúde melhor.Como o açúcar não tem em seu conteúdo nenhum teor nutricional,
nesse caso vale o ditado inverso: se não fizer mal, bem não faz.
DOENÇAS
A
busca por uma vida mais saudável tem levado muitas pessoas a reavaliarem suas
dietas, reverem seus conceitos nutricionais e frequentemente nesse balanço o
açúcar tem passado para a lista dos vilões. Um dos episódios que chamou a
atenção do público para essa questão foi o lançamento na década de 70 do livro Sugar Blues (expressão idiomática da língua
inglesa que significa depressão, múltiplas penúrias físicas e mentais causada
pelo consumo de sacarose refinada, comumente chamada de açúcar) do jornalista
norte-americano William
Dufty. Com um apanhado
histórico, Dufty faz uma comparação da saúde da humanidade antes e depois do
açúcar, constatando uma série de doenças ocasionadas por este que ele considera
uma verdadeira droga viciante, comparável ao álcool, à cocaína, à heroína entre
outras. Considerado panfletário e alarmante para uns e revelador para outros, o
fato é que o livro trouxe uma nova visão e fez repensar a necessidade e o
objetivo de ter à mesa, em tantos alimentos, a toda hora, açúcar refinado.
O
questionamento sobre o uso do açúcar envolve a qualidade do produto, que exige
uma série de processos químicos desde que a cana é retirada até a conclusão do
processo de refino,e também a quantidade consumida.
O
consumo de açúcar teve um grande aumento nos últimos 100 anos, levando
autoridades como a Organização Mundial de Saúde a realizar campanhas para
reduzir os índices, propondo limitar seu consumo a 10% da caloria diária.
Nesses 10% estão inseridos não apenas o açúcar que é retirado diretamente do
açucareiro, rnas também o que vem embutido em biscoitos, refrigerantes, bolos,
doces e até no pão. Esse açúcar que parece "invisível" porque as
pessoas mal se dão conta de que o estão ingerindo é o que tem oferecido maior
preocupação, pois está presente na maioria dos alimentos que fazem parte da
nossa alimentação. Acredita-se que é por isso que tem crescido o número de
obesos, aumentado consideravelmente os casos de diabetes e estudos apontam que
o excesso de açúcar aumenta risco de câncer de pâncreas.
Considerando
que a utilização do açúcar como adoçante é relativamente recente na história da
humanidade, em pouco tempo este "ouro branco" já tem feito muitos
estragos. Antes do uso de produtos industrializados na alimentação, a humanidade
se desenvolveu por milhares de anos utilizando somente os alimentos que a
natureza oferecia. O gosto doce era saboreado com a imensa variedade de frutas
encontradas especialmente em países tropicais, como o Brasil.
Com
a descoberta do sabor do melado da cana, ele foi utilizado primeiro como
remédio e só depois, mais recentemente, o açúcar passou a incorporar o cardápio
entrando como mero adoçante, sem acrescentar qualquer nutriente, apesar de
incluir muitas calorias na dieta.
Mas
se esse pó branco faz mais mal do que bem, por que será que gostamos tanto? A
resposta talvez esteja na história de nossos antepassados, que, pelo que tudo
indica, consideravam o sabor adocicado para separar os bons alimentos dos
venenosos. Ou talvez ele realmente tenha poder de "viciar" devido à
sensação de bem-estar que proporciona, o que justificaria o fato de ser tão
difícil deixar de lado esse hábito.
"Em
100 anos a utilização do açúcar aumentou em 40 vezes", alerta o médico
otorrinolaringologista Yotaka Fukuda, 62 anos, professor da Escola Paulista de
Medicina. Ele é autor do livro Açúcar: Amigo ou Vilão?, lançado em 2004,
resultado da sua tese de doutorado e anos de pesquisa sobre o tema, associados
à sua experiência clinica.
Fukuda
chama a atenção para esse crescente uso do açúcar que vem acompanhado do
aumento de doenças de diversos tipos. "Esse aumento aconteceu depois da
Segunda Guerra. Naquela ocasião não existiam doenças como diabetes, pressão
alta. Elas estão diretamente relacionadas com o consumo de açúcar. Se houver
uma diminuição no consumo, isso vai beneficiar em muito a população". Ele
pondera que o problema é que em vez de diminuir o uso tem aumentado; por ser um
produto barato e deixar os alimentos mais saborosos, a indústria tem usado cada
vez mais.
Como
médico otorrino, ele notava a frequência do aparecimento de casos de
labirintite e começou a perceber que o fato poderia ter relação com o consumo
do açúcar. "O açúcar é o maior estimulante da produção de insulina -
hormônio produzido pelo pâncreas. O excesso de insulina produzido pelo consumo
de açúcar leva à labirintite", afirma Fukuda, que chegou a esta
constatação depois de observar diversos casos em seu consultório e realizar uma
pesquisa com 100 pessoas para sua tese. Ele verificou que no universo das pessoas
com labirintite, 80% tinham insulina alta. "Mais recentemente,
pesquisadores de outras áreas têm verificado que o excesso de insulina leva
também a problemas de pressão alta e obesidade. A pessoa engorda, adquire
diabetes, fica com o colesterol alto e pode até ter derrame".
Em
sua pesquisa, o médico fez a curva glicêmica e curva de insulina de cinco
horas, constatando, além da insulina alta, que metade apresentava alteração na
curva glicêmica. "Essas pessoas com labirintite enfrentavam sérios
problemas, ficando inseguras devido à tontura, com medo de sair de casa e ter
novas crises; o remédio muitas vezes só faz efeito na hora", esclarece.
"O tratamento, nesses casos, é suprimir o açúcar e tirar principalmente
alimentos industrializados, especialmente refrigerantes, sorvetes, bolos,
biscoitos, bebidas alcoólicas como cerveja, conhaque e licor, além do leite
condensado, que é açúcar
com um pouco de leite".
A
retirada do açúcar da alimentação desses pacientes fez efeito, acabando com os
sintomas da doença. "Não adianta tratarmos somente os sintomas com
medicamentos, é preciso ir à causa. Retirando o açúcar você vai na raiz do
problema", avalia Fukuda.
"Muitos
ficaram contentes porque emagreceram, outros porque o colesterol baixou;
pessoas que tinham labirintite há anos deixaram de ter e não precisam mais
tomar quilos de remédio; havia pessoas que estavam a caminho da diabetes e se
livraram do risco."
PREVENÇÃO
O
médico otorrino explica que resolveu escrever o livro para prevenir pessoas que
enfrentam esse problema da labirintite e não encontram solução e, para aqueles
que têm ou correm risco ter diabetes, doenças cardíacas, obesidade etc.
"Retirar o açúcar da dieta beneficia o corpo todo", recomenda,
aconselhando a substituição por adoçantes. "Pode ser usado aspartame,
estévia, ciclamato, sacarina. Apesar de questionarem o uso desses produtos, não
há comprovação científica de que eles causem problemas".
Fukuda avisa que as crianças são as maiores vítimas desse abuso.
"O problema costuma aparecer com 30, 40 anos de idade - é o que está
acontecendo nos dias de hoje. Antes a diabetes tipo II aparecia com 70 anos.
Agora aparece precocemente". Ele diz que o pâncreas, que produz insulina,
depois de três a quatro décadas de sobrecarga, não aguenta. O efeito é
cumulativo e o organismo não está preparado.
O
médico explica que a insulina faz com que o açúcar que está na circulação
sanguínea seja rapidamente levado para dentro das células. Se já tiver grande
quantidade de energia nas células, essa energia vai ser depositada no corpo
como gordura; além disso, o aumento de insulina provoca desequilíbrio
metabólico. "O excesso afeta o trato digestivo, o pâncreas, o cérebro, os
neurônios".
Mesmo
para quem não tem sintomas de doenças provocadas pelo açúcar, Fukuda recomenda
diminuir o consumo. "Depois que a pessoa ficar diabética é mais
problemático. Fazendo uma analogia com o cigarro, é melhor deixar de fumar
antes de ter câncer de pulmão".
ESFORÇO PARA MANTER EQUILÍBRIO
Imagine
o que acontece se alguém coloca 21 quilos de roupa de uma só vez em uma máquina
de lavar com capacidade para 7 quilos? Ela quebra. Essa é a comparação que faz
a médica endocrinologista Anete Hannud Abdo, 52 anos, em relação ao processo
realizado pelo organismo quando ingere alimentos para obter energia. "Como
toda máquina, ele tem uma capacidade máxima que deve ser respeitada",
comenta.
Anete,
que atua no Projeto de Atendimento ao Obeso (PRATO) do Instituto de Psiquiatria
do Hospital das Clínicas da FMUSP, diz que o açúcar é uma fonte de energia para
o nosso organismo, mas o excesso é prejudicial. "Se fizermos as contas da
quantidade de glicose que existe no volume total de sangue circulando em nosso
corpo (cerca de 6 litros), temos um resultado surpreendentes equivalente
aproximadamente a uma colher de chá de açúcar!"
Segundo
a médica, nosso corpo procura manter esta quantidade constante, com mínimas
variações nos estados de jejum e após as refeições. "Imagine o esforço que
nosso organismo precisa fazer para manter a taxa de glicemia dentro da faixa
normal quando ingerimos um pedaço de bolo". A endocrinologista explica que
o excesso na ingestão de açúcar é prejudicial porque provoca uma elevação
rápida da glicose no sangue e a manutenção da taxa dessa glicose dentro dos
limites normais é importante para o funcionamento adequado do nosso
metabolismo.
"Nosso
organismo lança mão de estratégias para ajudar a manter as taxas de glicose no
sangue sob um controle rígido", afirma. "O aumento da taxa de glicose
no sangue faz o pâncreas produzir e liberar na circulação mais insulina, um
hormônio que facilita a passagem da glicose do sangue para as células dos
vários tecidos do corpo, trazendo de volta ao normal a quantidade de glicose
contida no sangue. A glicose pode ser estocada na forma de glicogênio nos
músculos e no fígado, porém em quantidades limitadas. Quando a ingestão de
açúcar é muito grande e ultrapassa a capacidade de estocagem de glicose nos
músculos e fígado, a glicose é transformada em gordura para ser armazenada no
tecido adiposo, favorecendo a obesidade".
Esse
aumento do tecido adiposo provoca no organismo uma resistência à ação da
insulina, o que leva à necessidade de uma quantidade cada vez maior de insulina
para realizar o transporte da mesma quantidade de glicose. Anete esclarece que
enquanto o pâncreas consegue produzir a quantidade de insulina necessária para
efetuar esse processo, as taxas de glicose no sangue se mantêm dentro do
normal, mas a produção de um excesso de insulina traz consequências para o
organismo, como o aumento da pressão arterial. "Quando a resistência à
insulina for tão acentuada que ultrapassa a capacidade máxima de produção de
insulina pelo pâncreas, acumula-se glicose no sangue, surgindo então o
diabetes".
Comentando
os problemas provocados pelo consumo excessivo de açúcar, a médica cita estudo
publicado em 2007 no American Journal of Public Health, com 91.249 mulheres
seguidas por oito anos, que demonstrou que aquelas que consumiam um ou mais
copos de refrigerante/por dia tinham duas vezes mais chance de desenvolver
diabetes do que aquelas que consumiam menos de um copo/mês. O consumo de
refrigerante normal também esteve ligado à diminuição do consumo de leite,
cálcio, frutas e fibras, aumento do consumo de calorias e ganho de peso.
"Ao que parece, as pessoas não fazem a compensação das calorias do
refrigerante diminuindo esses valores da refeição. Levanta-se a possibilidade
de que os refrigerantes aumentam a fome, diminuem a saciedade ou simplesmente
calibram o organismo para um gosto doce muito acentuado", avalia.
Anete
diz que dietas altamente glicêmicas podem aumentar o apetite e reduzir a
saciedade. "Quanto mais açúcar ingerimos, mais insulina precisamos
fabricar para metabolizá-lo. Evidências sugerem que altos níveis de insulina
parecem interferir com a sinalização da leptina (hormônio fabricado pelo tecido
adiposo, que avisa o cérebro sobre a quantidade de gordura estocada): quando os
níveis de insulina estão muito altos, o cérebro não fica sabendo quanta gordura
está estocada, e o resultado final é uma maior ingestão de alimentos. Em outras
palavras, quanto mais doce comemos, mais temos vontade de comer".
AÇÚCAR SÓ ENGORDA
"Em
termos nutricionais, o açúcar é o que chamamos de caloria vazia: só tem
carboidrato, não tem nutrientes", alerta o médico especialista em
nutrologia Eric Slywitch, responsável pelo departamento de medicina e nutrição
da Sociedade Vegetariana Brasileira. Ele explica que quando a pessoa utiliza o
açúcar branco, está ingerindo calorias que vão acrescentar valores na sua
dieta, mas sem ter uma contraparte nutricional. "Não traz nada de
benefício para o corpo; pelo teor calórico, se come demais, engorda".
Slywitch
diz que não é possível saber se as doenças enfrentadas pelas pessoas que estão
acima do peso ocorrem pela obesidade ou por causa do açúcar. "O que
sabemos é que quando o açúcar puro é ingerido ele entra rápido no sangue, faz
com que haja aumento da glicemia e o trabalho que o pâncreas precisa fazer para
colocar açúcar na célula é maior, o que aumenta o risco de diabetes". Por
isso, como profissional ele recomenda que as pessoas mudem seus hábitos em
relação ao consumo de açúcar, mudando também o paladar.
PROBLEMA MAIOR ESTÁ NO ABUSO
O
corpo humano não estava acostumado à ingestão da quantidade de açúcar que é
consumido atualmente e essa sobrecarga tem gerado o desequilíbrio que dá origem
a tantas doenças. "Durante milhões de anos, nossos antepassados consumiam
algo em torno de 8 gramas de frutose/dia (tipo de açúcar proveniente de frutas
e do mel) e cerca de 300 gramas de glicose, provenientes principalmente de
alimentos ricos em amido; nosso organismo se acostumou a processar essa
quantidade diária", informa o medico ortornolecular Cyro Masci. "Atualmente nossos
pâncreas têm que produzir em um único dia, diariamente, a quantidade de
insulina que nossos ancestrais possivelmente produziam durante uma vida
inteira".
Masci
comenta que essas mudanças têm afetado diretamente o organismo, provocando
muitos males. "Desde a Idade da Pedra o ser humano vivia basicamente dos
animais que conseguia caçar e dos vegetais que conseguia coletar. Os
carboidratos constituíam mais ou menos 45% da alimentação, contra os mais de
50% da atualidade", afirma. "As fontes de açúcar também eram
diferentes, tinham origem basicamente nas frutas e talvez um pouco de mel, que
faziam os níveis de glicose e de insulina subirem lentamente. Bem diferente do
açúcar e da farinha refinados, que são rapidamente absorvidos e geram picos de
glicose e insulina no sangue".
Uma
das principais diferenças, segundo o médico, é que nossos ancestrais usavam uma
alimentação mais natural, tendo o mel como adoçante; a cana de açúcar, que
antes era consumida como fruta, passou a ser esmagada por máquinas e seu caldo
passa por um processo químico que permite a fabricação do açúcar refinado.
"O açúcar era um artigo de luxo dos nobres, que em troca dessa delícia
passaram a conhecer doenças como a obesidade, a cárie dentária e a gota".
DESEQUILÍBRIO
Masci
afirma que em seu consultório encontra muitas pessoas que têm suas funções
orgânicas prejudicadas pelo uso abusivo do açúcar. O médico ortornolecular
esclarece que a ingestão excessiva de açúcar pode estar relacionada a dois
fatores: ansiedade e mudanças na flora bacteriana do intestino. "Sabe-se
que mudanças na flora intestinal podem acabar permitindo o crescimento
exagerado de certas bactérias que se alimentam preferencialmente de açúcar.
Essas bactérias têm a capacidade de inibir nossa produção cerebral de serotonina,
um neuro-químico muito importante no controle do humor e da ansiedade. Assim,
com menor produção de serotonina, a pessoa acaba ficando mais ansiosa, além de
aumentar a tendência à depressão, e acaba ingerindo mais e mais açúcar. Açúcar
habitua, chega a ser um vício".
ATEROSCLEROSE E INFARTO
"O
açúcar (glicose) em excesso no organismo resulta em vários danos
cardíacos". Quem faz o alerta é o cardiologista Heno Ferreira Lopes, 49
anos, médico do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paula. Ele destaca que o consumo de açúcar
aumentou de forma expressiva nos últimos anos, principalmente pelo consumo de
refrigerantes como substituto da água. "Em relação ao coração e aos vasos,
o açúcar em excesso está associado com a aterosclerose (entupimento do vaso) e
consequentemente com maior chance de angina (dor no peito), infarto do
miocárdio (morte do músculo do coração)".
Lopes
explica que o ser humano ingere para a sua sobrevivência três principais grupos
de alimentos - proteínas, carboidratos e gorduras - e que a ingestão desses
alimentos pode resultar em alterações no corpo humano, tais como o aumento do
batimento cardíaco, que é uma consequência da ativação de uma parte específica
do sistema nervoso chamada simpático. "O consumo de carboidratos (açúcar)
resulta na ativação do sistema nervoso simpático. O fato é que a ativação do
sistema nervoso simpático está relacionada com doenças cardiovasculares".
Dos
três grupos de alimentos mencionados acima, segundo Lopes, apenas as proteínas
não causam aumento da atividade simpática quando ingeridas. "A ingestão do
açúcar, por aumentar a atividade do sistema nervoso simpático, pode provocar
mudanças no organismo como sensação de aumento dos batimentos cardíacos,
excitação e até um grau de euforia. Em alguns indivíduos, a ingestão de açúcar
desencadeia a produção de grande quantidade de insulina e gera a sensação de
sonolência, cansaço, desânimo".
O
médico comenta que o açúcar pode ser substituído pelos adoçantes artificiais,
principalmente nos pacientes com diabetes e obesos. "Porém, os adoçantes
não são isentos de culpa. A titulo de exemplo, existe adoçante que contém o
sódio na sua fórmula e o sódio é considerado como um dos vilões no
desenvolvimento da hipertensão, principalmente naqueles indivíduos com
predisposição para tal. Também há estudo associando o consumo de adoçante com
câncer. O ideal para qualquer ser humano é consumir alimentos in natura, ou seja, sem
adição de açúcar ou de adoçantes".
CÂNCER
Mas,
afinal, o que é esse pó branco, que alguns chamam de ouro branco, que causa
tanta polêmica, dá euforia, alguns dizem que até vicia, oferece prazer e pode
prejudicar nossa saúde? A química Conceição Trucom explica que o açúcar
refinado é resultado de um processamento físico-químico que extrai da garapa a
sacarose purificada e anidra, usando e adicionando produtos químicos como
clarificantes, anti-umectantes e agentes de moagem. "Eles são aditivos
químicos, sintéticos, muitas vezes cancerígenos e danosos à saúde”, avalia a
cientista.
Conceição
lembra que até cerca de 300 anos a humanidade não usava aditivos doces na
dieta. "O mel era usado eventualmente, mas como remédio", diz.
"Esse processo histórico prova que o açúcar é desnecessário como
alimento". Só nos últimos séculos o açúcar passou a ser produzido em larga
escala, aumentando seu consumo e sendo cada vez mais purificado, até se
transformar no pó branco que conhecemos. "Somos uma civilização
consumidora de milhares de toneladas diárias de açúcar. O Brasil é um dos
maiores produtores de açúcar do mundo; o brasileiro consome cerca de 200 g de
açúcar por dia. Por extensão são cerca de 6 kg ao mês ou 72 kg por ano.
Portanto, a cada 13 anos a pessoa consome 1 tonelada de açúcar. Então um
cidadão brasileiro de 40 anos já fez passar pelo seu pâncreas algo como 3
toneladas de açúcar".
A
química avisa que o açúcar refinado deve ser considerado um produto
quimicamente ativo, porque resulta de um processo de purificação. "Do
xarope inicial, além de evaporado, são retiradas fibras, proteínas, sais
minerais, enzimas, vitaminas, etc. O produto final é sacarose concentrada a
mais de 90%, um carboidrato de elevado poder calórico e de liberação de glicose
no sangue".
Ela
informa que quando consumimos um produto extremamente concentrado, como o
açúcar, é exigido do organismo uma compensação química: são sequestrados
cálcio, ferro e magnésio do metabolismo e das reservas. "Indiretamente, o
açúcar ‘rouba’ do organismo depósitos destes minerais e esta carência de cálcio,
magnésio e ferro aumenta quanto maior a ingestão de açúcar. Podemos afirmar
então que o açúcar é descalcificante, desmineralizante, desvitaminizante,
uindigesto, ou seja, um forte agente de desarmonizacão metabólica".
Ela
alerta para o fato de quem consome muito açúcar tornar-se um dependente
orgânico que quanto mais está intoxicado, mais deseja açúcar; fica mais
sedentário, sem força física, emocional e mental. "Grandes consumidores de
açúcar geralmente tendem à fraqueza, à anemia e acreditam que não podem fazer
nada sem consumir um pouco de doce.
O
doce é o sabor mais primitivo do ser humano; portanto, quando desejamos
sustentar uma atitude infantil de não crescer, a primeira vontade que nos surge
é entupir-se deste sabor. Mas a diferença é que esse sabor sempre foi retirado
de forma saudável da natureza, e não de um produto vazio de nutrientes e rico
em aditivos e resíduos de um processo físico-químico. "Devem considerar o
açúcar como um não alimento, como na classificação do livro do Dr. Soleil - Você
sabe se desintoxicar? - um alimento biocídico (bio = vida + cídico = que
mata)".
Ler e pensar "Tendo conhecimento dos males sobre o excesso de açúcar, o que eu vou fazer para preservar a minha saúde hoje e no futuro?"
Reflita e ponha em prática.
Profª Elisete
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