Olá,
Nossa primeira aula em julho será a apresentação em forma de leitura dramática deste texto - SOPA DE MACARRÃO - que já estudamos.
Para facilitar o trabalho da leitura expressiva, você já pode ir treinando a leitura do texto. Escolha dois colegas para treinar via Whats!
ADAPTAÇÃO TEATRAL DO TEXTO
“SOPA DE MACARRÃO”
Na mesa, o filho emburrado o
prato vazio.
PAI: - Não está com
fome, filho?
FILHO: – Com fome eu tô,
mas não tô é com vontade de comer comida de velho.
(Na cozinha a mãe fala.)
MÃE: - De-cre-tei! — que
ou ele come legumes e verduras, ou vai passar fome.
PAI: — Não quero filho meu engordando agora para ter
problemas de saúde depois. Só quer batata frita e carne, carne e batata frita!
(A mãe vem com a travessa de bifes.)
PAI: Hum... pelojeito tá suculento!
MÃE: - E tá mesmo!
Filho, você com o prato vazio. Não vai comê?.
(Cara de emburrado.)
MÃE: — Nos Estados Unidos um jornalista passou um mês
comendo só fastfood, engordou mais de seis quilos!
PAI: — E como é que ele aguentou um
mês só comendo isso?!
FILHO: — Porque é gostoso! — (E pega
com nojo uma folhinha de alface, põe no prato e fica olhando como se fosse um
bicho) – Ai, que nojo!!
MÃE: - É preciso ao menos
experimentar, Juquinha, para saber o que
é ou não gostoso!
PAI;- Quando era da sua idade, filho, comia cenoura crua, pepino, manga verde com
sal, comia até milho verde cru!
PAI — E devorava o cozido de legumes
da sua avó! E essa alface? Pra comer, é preciso botar na boca..
FILHO: Tá bom... (O filho enfia a
alface na boca, mastiga fazendo careta.) – Agora vou pegá meu bife!
(A MÃE PULA DA CADEIRA.)
MÃE: - Não senhor!!! Me passe esse bife de volta!!
MÃE: — Não-senhor! Só com salada pra
valer, arroz, feijão, tudo!
( Ele continua olhando o prato vazio, até que resmunga.)
FILHO: — Se vocês sempre comeram tão
bem, como é que acabaram barrigudos assim?
PAI: - isso é da idade, o importante
é ter saúde!
PAI: — E você, se continuar comendo
só fritura, carne, doce e refrigerante, na nossa idade vai pesar mais de cem
quilos!
FILHO: — No Japão podia ser lutador
de sumo e ganhar uma nota.
MÃE: — E no Natal (fala cantarolando)
— vai ser Papai Noel, né? E Rei Momo no carnaval...
PAI: — Não tripudie. Ele ainda vai
comer de tudo. Quando eu era menino, detestava sopa. Aí um dia minha mãe fez
sopa com macarrão de letrinhas, passei a gostar de sopa!
FILHO: - Pai, o que é macarrão de
letrinhas?
(O pai explica. Ele põe na
boca uma rodela de tomate, o pai e a mãe trocam um vitorioso olhar.)
( O pai faz uma voz doce.)
PAI:— Está descobrindo que salada é
gostoso, não está?
FILHO: — Não, peguei tomate para
tirar da boca o gosto nojento de alface, mas acabo de descobrir que tomate
também é nojento.
PAI:— Mas catchup você come não é?
Pois é feito de tomate!
MÃE: — E ele também não come ovo, mas come maionese, que é feita de ovo!
(O filho continua olhando o prato vazio.)
PAI: — Coma ao menos feijão com
arroz!!
FILHO: - Vou pegá uma colher de
feijão e de arroz! Um dia vi um filme onde num campo de concentração só comiam
assim pouquinho, só o suficiente pra sobreviver... (Mastiga tristemente.)
PAI: - Coma o
bife junto.
MÃE: — Ou salada ou nada! Sem
chantagem sentimental! (Fala de forma enfática.)
(O pai come dolorosamente, a mãe come furiosamente, o filho olha o prato
tristemente.) Música melancólica ao fundo.
(Depois a mãe retira a comida.)
MÃE: Não quis comer, “faz de menos” diz meu pai! (E
ele continua olhando a mesa vazia.
( Na cozinha, o pai sussura
para ela.)
PAI: — Mas ele comeu duas folhas de
alface, não pode comer dois pedaços de bife?!...
MÃE: - De jeito nenhum, desta vez é
pra valer!!
(Então o pai vai ler o
jornal, mas de passagem pelo filho.)
PAI: - José Luiz, não quer um sanduíche de bife? Com
salada, claro!
FILHO: - Não! Eu queria saber sobre a tal sopa de
letras. (O pai se anima.)
PAI: — Pergunte, pergunte!
FILHO: — Você podia escrever o que
quisesse com as letras no prato?
PAI: — Claro! Por que, o que você
quer escrever?
FILHO: — Hambúrguer, maionese e
catchup!!
MÃE: - É teimoso que nem o pai!!
PAI: - Teimoso é
quem teima comigo!!!
( O filho vai para o
quarto, só sai na hora da janta: sopa de macarrão.)
FILHO:- (Comendo
e vai escrevendo): - Escravidão, carrascos, nojo,... e amor!
(O pai e mãe lacrimejam.)
FILHO: — Ainda não acabei, tá
faltando letra pra escrever: amo rosbife com batata frita...
Domingos Pellegrini –
Crônica brasileira contemporânea. São Paulo:
Salamandra, 2005. P.210-3.)
Prof.ª Elisete, 02/03/20,às 15h47min.
