quinta-feira, 28 de abril de 2016

O homem; as viagens e outras poesias

O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.
Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.
O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
do solar a colonizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitad

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosasa alegria
de con-viver.

Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o
convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto
Fernandes
que não tinha entrado na história.

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador doDiário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.

Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, noJornal do Brasil.O modernismo não chega a ser dominante nem mesmo nos primeiros livros de DrummondAlguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934), em que o poema-piada e a descontração sintática pareceriam revelar o contrário. A dominante é a individualidade do autor, poeta da ordem e da consolidação, ainda que sempre, e fecundamente, contraditórias. Torturado pelo passado, assombrado com o futuro, ele se detém num presente dilacerado por este e por aquele, testemunha lúcida de si mesmo e do transcurso dos homens, de um ponto de vista melancólico e cético. Mas, enquanto ironiza os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser e estar.

Vem daí o rigor, que beira a obsessão. O poeta trabalha sobretudo com o tempo, em sua cintilação cotidiana e subjetiva, no que destila do corrosivo. Em Sentimento do mundo (1940), em José (1942) e sobretudo em A rosa do povo (1945), Drummond lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando, solidarizando-se social e politicamente, descobrindo na luta a explicitação de sua mais íntima apreensão para com a vida como um todo. A surpreendente sucessão de obras-primas, nesses livros, indica a plena maturidade do poeta, mantida sempre.

Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas. Drummond foi seguramente, por muitas décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros em prosa.

Em mão contrária traduziu os seguintes autores estrangeiros: Balzac (Les Paysans, 1845; Os camponeses), Choderlos de Laclos (Les Liaisons dangereuses, 1782; As relações perigosas), Marcel Proust (La Fugitive, 1925; A fugitiva), García Lorca (Doña Rosita, la soltera o el lenguaje de las flores, 1935; Dona Rosita, a solteira), François Mauriac (Thérèse Desqueyroux, 1927; Uma gota de veneno) e Molière (Les Fourberies de Scapin, 1677; Artimanhas de Scapino).

Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.
Catuípe-RS 28-04-16, às 22:07h

domingo, 17 de abril de 2016

Vídeo Tipos de Predicado

Vamos estudar, pessoal! Eis um vídeo dos tipos de predicado.


Até o próximo encontro.
Profª Elisete

Publicação no Correio do Povo

Bom dia,
boa tarde,
boa noite!

As fotos dos e-mails enviados do 8º ano B pro Correio do Povo estão aí. Os textos dos alunos do 8º ano A estão no Facebook da Escola.



Publicado no dia 15-04-2016, na p. 2 do jornal Correio do Povo.


Leia, informe-se, tenha sua opinião das coisas do mundo!
Profª Elisete

terça-feira, 12 de abril de 2016

Iniciando os estudos fonéticos

Pessoal,

super-recomendo o estudo destes conceitos a seguir. Vamos estudá-los para mais tarde aprendermos as regras oficiais da acentuação do nosso idioma - o Português. OK?

Acentos gráficos
Acento agudo (´)
Indica a sílaba é tônica e que a vogal deve ser pronunciada de forma aberta, como em: pé, máquina, música, revólver,…
Acento circunflexo (^)
Indica a sílaba é tônica e que a vogal deve ser pronunciada de forma fechada ou nasalada, como em: antônimo, estômago, lâmpada, pêssego,…
Acento grave (`)
É um acento gráfico colocado apenas sobre a vogal a, indicando que há crase, ou seja, a contração da preposição acom outra palavra. É usado em poucas palavras, como em: à, àquele, àquela, àquilo,…
Sinais gráficos auxiliares
Til (~)
Usado na vogal a e na vogal opara indicar nasalização, como em: manhã, coração, põe,… Nem sempre indica a tonicidade da sílaba, como em: órgão, órfão, bênção,…
Trema (¨)
Usado, desde a entrada em vigor do Novo Acordo Ortográfico, apenas em substantivos próprios estrangeiros e palavras derivadas destes, como em: Müller, mülleriano,…
Apóstrofo (')
É um sinal gráfico auxiliar de escrita que indica a supressão de fonemas em palavras, como em: copo-d'água, pau-d'óleo,…
Encontros vocálicos
Os encontros vocálicos são palavras, ou melhor, vogais que aparecem juntas. Chama-se encontro vocálico, pois é o encontro das vogais (a, e, i, o, u).  Na gramática, existem três tipos:
·         Ditongo – é o encontro de duas vogais na mesma sílaba. Exemplo: boi, peixe, cacau, leite, mão, pão, macarrão, própria, chapéu, açucareiro, manteiga, couro, etc.
·         Tritongo – é o encontro de três vogais na mesma sílaba. Exemplo: enxaguei, enxaguou, Paraguai, Uruguai, quais, iguais, desiguais, etc.
·         Hiato – e o encontro de duas vogais pronunciadas em sílabas diferentes. Exemplo: violeta, cadeado, piano, dia, doer, duas, viagem, baú, etc.

Encontros consonantais
Observe as palavras “preferir”, “trabalho” e “construo”.
Essas duas consoantes juntas formam encontros consonantais.
consoantes + vogais = nosso alfabeto
Palavras com encontros consonantais: flauta, fraco, globo, grade, pluma, prato, trigo, atleta, trator, clima, braço, creme, pedra, e muitas outras.
Podemos encontrar os encontros consonantais em sílabas diferentes. Observe os seguintes exemplos: ad-je-ti-vo, ob-je-to, ma-lig-no, rit-mo, rit-mi-co, etc.
Nos encontros consonantais, todas as letras são pronunciadas. Exemplos: livro, problema, placa, atropelar, recreio, placa, etc

Dígrafo
Vamos observar o seguinte texto:
“Para ter um sorriso bem bonito, devemos seguir alguns passos importantes:
·         escovar os dentes para que fiquem brilhando;
·         usar fio dental em cada escovação;
·         esquecer velhos hábitos de escovação;
·         usar enxaguante bucal, exceto os que contenham álcool”.
As palavras que foram destacadas no texto possuem um único som. Sendo assim, as palavras que possuem encontro de duas letras que representam um único som são chamados de dígrafos.                      Os principais dígrafos são: ch, lh, nh, gu, qu, rr, ss, sc, sç, xc.

Quando realizamos a separação de sílabas os dígrafos rr, ss , sc, sç e xc, embora representem um único som são sempre separados. Exemplos:
·         bairro – bair –ro
·         cresçam – cres-çam
·         exceto – ex-ce-to
·         piscina – pis-ci-na
·         assado – as-as-do
Não podemos confundir os encontros consonantais com os dígrafos. Nos dígrafos as letras dos encontros não são pronunciadas, enquanto que nos encontros consonantais todas as letras são pronunciadas.
Tonicidade:
Nas palavras com mais de uma sílaba, sempre existe uma sílaba que se pronuncia com mais força do que as outras, é a sílaba tônica. 
Ex: Em lá-gri-ma, a sílaba tônica e "lá"; em ca-der-no, a sílaba tônica é "der".
Classificação:
- Oxítonas: Quando a sílaba tônica é a última sílaba. Exemplos: Pa-ra-ná, sa-bor.
- Paroxítonas: Quando a sílaba tônica é a penúltima sílaba. Exemplos: már-tir, ca-rá-ter.
- Proparoxítonas: Quando a sílaba tônica é a antepenúltima sílaba. Exemplos: cá-li-ce, lá-gri-ma.
Os vocábulos com apenas uma sílaba, os monossílabos, podem ser átonos ou tônicos.